<
São Paulo – A qualidade e o preço competitivo dos sapatos de couro brasileiros atraíram o interesse de Joju Abraham e Radha Nair Kollaikal, dois indianos que vivem há anos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e foram convidados pela direção da Feira Internacional de Calçados, Artefatos de Couro e Acessórios (Couromoda) a participar da edição de 2018, que abriu as portas segunda-feira (15) e vai até quinta (18), em São Paulo. Pela primeira vez no Brasil, ambos estão prospectando fornecedores para um negócio que ainda nem saiu do papel.
“Estamos procurando sapatos masculinos, femininos e infantis para o varejo que vamos abrir em setembro”, contou Abraham em entrevista à ANBA no Expo Center Norte, local que recebe a Couromoda 2018, nesta terça-feira (16), segundo dia de exposições. “Serão lojas grandes, de 10 mil pés quadrados (em torno 900 metros quadrados), então precisamos ter bastante produtos”, explicou.
Por trás do investimento está a Sobha, uma empresa sediada na Índia que atua no setor imobiliário de Dubai. Segundo Abraham, a companhia agora está expandindo sua atuação para o varejo, em especial o segmento de calçados – e ele, que tem mais de 20 anos de experiência na área, foi contratado para liderar a empreitada.
“Sou o chefe de negócios e a minha colega é a chefe de compras”, disse. Segundo ele, as lojas ficarão prioritariamente em shopping centers, tanto dos Emirados quanto de outros países do Golfo. “Vamos abrir na Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Bahrein, Catar. Nosso plano é chegar a 50 lojas em quatro anos.”
Na Couromoda, o executivo busca calçados em couro, embora tenha gostado de produtos com material sintético voltados para o público infantil. A ideia é encontrar marcas que possam ser vendidas na loja – não há planos de fechar negócio agora. “Devemos retornar em março ou abril para visitar fábricas e escolher os fornecedores. O que queremos é ter um toque brasileiro na loja”, conta.
A atração pelo Brasil não é nova, embora seja a primeira vez que ele visite o País: nos 21 anos de experiência no setor, já trabalhou com produto brasileiro. “Nos últimos anos o preço subiu muito, mas é um produto sem igual no mundo”, explicou, elogiando a qualidade, a competitividade e o design dos calçados nacionais.
Além de Abraham e sua colega Radha, outros compradores vindos de países árabes estão na Couromoda a convite da direção da feira.
Vendas aos árabes
<
Apesar do recuo de 19% nas exportações de calçados aos Emirados – principal mercado árabe para o calçado brasileiro – no ano passado, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) tem expectativa otimista para 2018. Segundo Roberta Ramos, gestora de projetos do Brazilian Footwear, convênio com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o desempenho nas vendas melhorou já no segundo semestre.
“O que nos foi passado é que o calçado brasileiro voltou a ser competitivo, então eles voltaram a olhar para o nosso produto. Os árabes gostam do calçado brasileiro: na disputa com um chinês, o nosso é a preferência, caso o preço seja competitivo”, afirmou ela em entrevista à ANBA.
Ramos disse não prever uma retomada, mas acredita em ganho de participação do produto brasileiro no mercado árabe em substituição aos produtos chineses.
As ações do Brazilian Foootwear colaboram. Na edição de 2017 da Couromoda, mais de dez compradores árabes vieram ao Brasil a convite do programa. “Os resultados foram positivos e ajudaram a melhorar o desempenho do segundo semestre.”
Para 2018, novas ações estão programadas. Ramos conta que o programa contratou uma empresa de relações públicas em Dubai, a Yardstick, para divulgar melhor o projeto, o calçado brasileiro e se aproximar de influenciadores, jornalistas e blogueiros. Ao mesmo tempo, buscam novos compradores para se relacionar.
A ideia é que no último trimestre do ano, o Brazilian Footwear organize um jantar de relacionamento com todo esse público contatado, provavelmente em Dubai. Segundo ela, o contato cara a cara é fundamental, uma vez que os árabes preferem esse tipo de negociação.