São Paulo – A empresa brasileira Plotter Racks, especializada em refrigeração industrial, fez a primeira instalação de seus novos equipamentos de refrigeração à base de propano R-290 como fluido frigorífico alternativo há cerca de um mês, em uma loja da rede de supermercados Bahamas, em Juiz de Fora, Minas Gerais.
O material sustentável é 100% natural, não agride a camada de ozônio e tem impacto desprezível no sistema climático global. O equipamento foi desenvolvido em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido). A iniciativa faz parte do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs, projeto coordenado pelo MMA e implementado pela Unido no Brasil. Os HCFCs são hidroclorofluorcarbonos destruidores da camada de ozônio.
A Plotter Racks atua no mercado há 22 anos, tem sede em Curitiba, no Paraná, e exporta equipamentos para alguns países da América Latina, como Chile, República Dominicana, Panamá, Venezuela, Peru e Colômbia. A companhia tem interesse em ampliar as vendas ao mercado externo. Deste novo produto, ainda não houve exportação.
“Estamos ativamente buscando novos mercados, mas eu diria que é um crescimento orgânico. Este ano, contratamos um gerente de exportação e sim, queremos crescer e estamos aguardando o retorno do que já fizemos no último ano. Nosso novo equipamento à base de propano é sustentável tanto no consumo de energia como na redução de gases e poluição”, disse o gerente de vendas e marketing da empresa, Alexandre Cavagnoli, à ANBA por telefone.
Cavagnoli explicou que os refrigeradores de média temperatura – aqueles para laticínios, carnes e frios – utilizados em supermercados hoje são todos alimentados com o fluido HCFC, por haver muito volume e ser um produto mais barato, disponível no mundo todo. “É um fluido que contribui para o efeito estufa, aumentando o aquecimento global”, disse.
O propano, por sua vez, é um fluido refrigerante 100% natural e que reduz o potencial de aquecimento global ao seu nível mínimo e zera o potencial de destruição do ozônio. A nova tecnologia é voltada para a instalação de equipamentos de refrigeração em empreendimentos de pequeno e médio porte, como mercados e supermercados.
“O expositor de laticínios continua o mesmo, o que muda é o equipamento na casa de máquinas, e gasta menos energia. Nosso diferencial como empresa é que sempre entregamos sistemas mais eficientes”, disse o gerente.
Além disso, o novo equipamento contribui para o meio ambiente e tem uma performance melhor, com redução no consumo de energia. “Realmente ajuda em todos os aspectos, contribui para a sociedade e não há nenhum tipo de contaminação ao meio ambiente, porém, o custo de implantação é um pouco maior, mas depois o consumo de energia é menor”, explicou Cavagnoli.
Quarentena
O representante da Plotter Racks informou que os clientes estavam esperando por esse lançamento, mas que com a crise do novo coronavírus, houve um adiamento dos projetos. “Os projetos que já tínhamos contrato seguimos produzindo e instalando, de resto, estamos em stand by. A nossa fábrica segue operando normalmente, sem redução de produção ou de pessoas, estamos recebendo pedidos. Quanto ao equipamento à base de propano, os clientes estão cotando, mas é um projeto muito novo, eles estão analisando, normalmente demora para pegar, não sei nem se é por causa da crise. Mas é uma pena que isso esteja acontecendo agora porque a gente não consegue nem levar os clientes na fábrica para visitar”, declarou.
Programa Brasileiro
Os HCFCs são fluidos refrigerantes tradicionais nocivos à camada de ozônio, largamente usados em equipamentos de refrigeração comercial e em aparelhos de ar-condicionado. A Unido informa que, seguindo metas estabelecidas pelo Protocolo de Montreal, o objetivo do programa brasileiro é eliminar esses fluidos do processo industrial no setor de refrigeração e ar condicionado no Brasil, e os substituir por alternativas sustentáveis.
O Projeto Chiller Propano, do programa da Unido e do Ministério do Meio Ambiente, promoveu apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento do equipamento piloto e para a conversão industrial da fábrica da Plotter Racks.
Após a instalação, em 2019, de uma linha de produção capaz de fabricar equipamentos de refrigeração com propano R-290, a Plotter Racks desenvolveu, no início de 2020, o primeiro protótipo do equipamento. Depois de testes com resultados positivos, a empresa deu início à produção do novo equipamento de refrigeração.
“O novo equipamento desenvolvido pela Plotter Racks, em parceria com o nosso projeto, utiliza o propano como fluido refrigerante. O propano é um fluido natural mais barato que os fluidos sintéticos utilizados atualmente nesse tipo de equipamento, o que representa um diferencial competitivo para as empresas. A nova tecnologia também agrega um fator altamente positivo do ponto de vista ambiental: além de não agredir a camada de ozônio, ela tem praticamente zero potencial de aquecimento global, ou seja, não tem impacto negativo no sistema climático. Isso é especialmente benéfico para o setor supermercadista, que tem uma demanda alta por equipamentos de refrigeração.”, disse em nota à ANBA Sérgia Oliveira, consultora nacional da Unido.
Edgard Soares, especialista nacional em refrigeração da Unido, informou em nota à ANBA que o novo equipamento de refrigeração apresenta eficiência energética e payback (indicador do tempo de retorno de um investimento) reduzido. “Foi criado um sistema compacto que utiliza o mínimo possível de fluido refrigerante, mantendo uma capacidade de refrigeração adequada. A tecnologia inovadora usa componentes novos, que terão o custo de produção cada vez mais reduzido quando for fabricada em maior escala. É um equipamento economicamente competitivo e sustentável do ponto de vista ambiental”, declarou.
O Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs, coordenado pelo MMA e implementado pela Unido, integra as ações do Brasil voltadas ao setor industrial para cumprimento de metas pactuadas com o Protocolo de Montreal. Em vigor desde janeiro de 1989, o protocolo promove a redução progressiva da produção e do consumo de Substâncias Destruidoras do Ozônio (SDOs). O Brasil aderiu ao tratado internacional em junho de 1990.