Cairo – A Empresa Financeira e Industrial do Egito (EFIC), do setor de fertilizantes, planeja investir US$ 600 milhões nos próximos cinco anos para aumentar sua capacidade de produção, além de adicionar novos tipos de fertilizantes ao seu portfólio atual de fertilizantes monofosfatados.
A ANBA entrevistou o químico Abdel Azim Al-Abbasi, (foto acima), presidente e diretor geral da EFIC, para conhecer a importância do setor de fertilizantes para a economia egípcia e global, o futuro dos investimentos neste setor estratégico e os planos de expansão da empresa.
Al-Abbasi disse que o setor de fertilizantes é um dos mais promissores para a economia egípcia, principalmente porque o setor está ligado à alimentação e vestuário, o que aumenta a sua importância perante o aumento contínuo da população localmente e globalmente, por isso requer maior atenção por parte do governo e do setor privado.
Respondendo uma pergunta da ANBA sobre a atratividade do setor de fertilizantes para os investidores locais ou estrangeiros, ele explicou que a atração de investimento depende de dois critérios principais. O primeiro é o clima geral de investimento no país, e o segundo, a disponibilidade de matérias-primas para a indústria.
Ele destacou que o setor de fertilizantes no Egito está dividido em três produtos principais. Os fertilizantes fosfatados, cuja matéria-prima é abundante em várias províncias no sul do Egito, Mar Vermelho e Abu Tartour, o que torna este setor um dos mais atrativos pela disponibilidade da matéria-prima, mão de obra tecnicamente capacitada e baixo custo financeiro.
O presidente contou que o segundo produto são os fertilizantes nitrogenados, cuja produção depende do nitrogênio e do hidrogênio, que por sua vez dependem do gás natural, que enquanto estiver disponível, esse setor se tornará muito atrativo para investimentos. O terceiro são os fertilizantes potássicos, que o Egito depende da importação da matéria-prima necessária para sua produção, o que limita a produtividade e a atratividade desse setor.
Al-Abbasi explicou que o Egito tem capacidade de produção de cerca de 17 milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados, dos quais consome cerca de 9 milhões de toneladas anuais, sendo o restante exportado para o mercado externo. Enquanto produz aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, o consumo varia entre 800 e 900 mil toneladas anuais, sendo o restante exportado.
Sobre os fertilizantes potássicos, há capacidades de produção de 400 mil toneladas anuais, sendo que o consumo local chega cerca de 120 mil toneladas e o restante é exportado.
Al-Abbasi explicou que o setor de fertilizantes no Egito foi afetado recentemente pelas crises que a economia global testemunhou. Ele destacou que a economia egípcia em todos os seus setores conseguiu superar a crise da covid-19, sem nenhum impacto significativo, pois foi uma das poucas economias do mundo que conseguiu atingir taxas de crescimento positivas no auge da crise, graças ao equilíbrio do governo entre as medidas de precaução e a continuidade da produção.
Segundo ele, o impacto da crise da guerra russo-ucraniana no setor dos fertilizantes foi positivo para o Egito, uma vez que o aumento de algumas matérias-primas utilizadas nesta indústria foi compensado por um maior aumento do preço dos fertilizantes no produto final, o que permitiu ao setor de fertilizantes obter retornos positivos. A guerra também levou o governo a focar na autossuficiência em grãos, especialmente o trigo.
A empresa começou a exportar na década de 1990 do século passado. O Brasil responde por 90% das exportações da empresa.
O diretor geral confirmou que a Empresa Financeira e Industrial é uma das mais antigas na área de fertilizantes fosfatados no Egito, pois foi criada em 1929 para fabricar fosfato e ácido sulfúrico. Nos meados da década de 1990 a empresa começou a exportar globalmente, após estudar as necessidades dos mercados globais com demandas de fertilizante granulado. “Isso nos levou a desenvolver as nossas linhas de produção e produzir fertilizante granulado de acordo com as especificações internacionais, o que nos permitiu exportar para os mercados do Paquistão, Bangladesh, Índia, França, Itália e Espanha”, declarou.
Al-Abbasi explicou que no período de 2020 a 2021 o trabalho foi intensificado para melhorar a qualidade dos produtos, a fim de conquistar mercados externos e “entrar em novos e promissores mercados como o latino-americano, principalmente o mercado brasileiro, que atualmente representa cerca de 90% das nossas exportações totais”.
Ele salientou que a EFIC produz anualmente cerca de 800 mil toneladas e exporta entre 30 e 40%, ou 200 a 300 mil toneladas anuais, o que se reflete no desempenho da empresa e na economia do país em geral.
A empresa pretende dobrar sua capacidade de exportação para a América Latina. Ele explicou que o maior desafio para aumentar as exportações para este mercado é a logística e o transporte, principalmente porque os concorrentes do Egito neste mercado são as empresas marroquinas, que estão mais próximos e têm acesso direto ao Oceano Atlântico. Al-Abbasi acrescentou que a empresa tem uma vantagem competitiva representada por custos de produção mais baixos em relação ao Marrocos, além da vantagem da qualidade e preço.
A EFIC é patrocinadora oficial do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes. Ele explicou que a empresa vai participar no Fórum como patrocinador oficial, acreditando na importância do mercado brasileiro e na necessidade de intensificar os trabalhos para preservar esse mercado estratégico para a empresa, além de buscar oportunidades de expansão e aumentar a base de clientes através da participação no fórum.
E sobre o plano de produção e exportação da sua empresa para os próximos cinco anos, ele revelou que a a empresa pretende mudar suas políticas com base na produção de apenas um produto, antecipando quaisquer mudanças que possam afetar o mercado para este produto no futuro.
Ele ressaltou que a diversificação dos produtos está na linha de frente das prioridades da empresa nos próximos anos, pois visa a produção de superfosfato triplo, que obriga a companhia a produzir ácido fosfórico em outro terreno no sul do Egito.
A segunda tendência da empresa depende do empenho em produzir fosfato monocálcico e fosfato bicálcico, que fazem parte da composição da forragem para gado, peixes e aves, de forma a atingir a autossuficiência e depois exportar mais tarde, especialmente porque este produto é necessário em nível global.
Ele disse que o plano da empresa para os próximos cinco anos também depende de manter, desenvolver e melhorar as capacidades da produção destinadas à exportação para os mercados latinos de superfosfato simples para manter este importante mercado.
E sobre o valor financeiro do plano de expansão da empresa, ele explicou que a primeira parte do projeto de ácido fosfórico custará cerca de US$ 75 milhões, enquanto a primeira fase do projeto de produção de ácido fosfórico custa cerca de US$ 215 milhões, assim como a primeira fase de fosfato monocálcico, e fosfato dicálcico, no valor de US$ 215 milhões, elevando o total de investimentos previstos da empresa nos próximos cinco anos para cerca de US$ 600 milhões.
*Traduzido do árabe por Ahmed El Nagari