Alexandre Rocha
São Paulo – Confiante no potencial do mercado árabe, a Rimo S.A., fabricante de móveis de Linhares, no Espírito Santo, decidiu desenvolver uma linha de produtos específica para o consumidor daquela região, que foi apresentada na feira de móveis, decoração e design Index – realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre os dias 7 e 11 de outubro.
“Passamos um ano pesquisando um produto que tivesse boa aceitação naquele mercado, com as características exigidas pelos árabes”, disse Luiz Gustavo Corread, gerente de exportações da Rimo, que participou da feira.
Os produtos em questão são móveis para dormitório como camas de casal e de solteiro, criados-mudos, armários e penteadeiras.
De acordo com Corread, os produtos foram desenvolvidos com a ajuda do representante da empresa nos Emirados. O conjunto foi batizado de Omã, nome do sultanato localizado no extremo leste da Península Arábica.
Uma das adaptações foi o aumento no tamanho das camas, 40 centímetros na largura e mais alguns centímetros no comprimento. “Lá eles têm mais espaço, ao passo que aqui no Brasil os apartamentos estão cada vez mais compactos”, disse Corread.
Nos armários foram retirados assessórios e parte das gavetas, aumentando o espaço interno. “Foi feito de acordo com as necessidades deles. Há um vão livre maior, pois as roupas dos árabes são diferentes das nossas”, afirmou o executivo.
As penteadeiras, por si só, já são um diferencial em relação aos produtos destinados ao mercado interno. Segundo Corread, esse móvel está em desuso no Brasil, enquanto ainda é muito utilizado nos países árabes.
Apesar das modificações, ele diz que a linha não perdeu o “jeito brasileiro”.
Preço
De acordo com Rogério Bellini, responsável pelos projetos da indústria moveleira da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), os móveis da Rimo chamaram bastante atenção na Index também por um outro fator: o preço, que, segundo ele, é inferior aos praticados pelos chineses, o que tornou o produto brasileiro bastante competitivo.
Segundo Corread, é difícil concorrer com os chineses, que fabricam móveis mais elaborados e ricos em detalhes. A saída, de acordo com ele, foi apresentar um produto de qualidade, mas com o preço ainda menor do que os praticados pelos fabricantes da China.
O executivo disse que enquanto um conjunto de dormitório de procedência chinesa era comercializado em média a US$ 700 na feira, a linha da Rimo foi negociada a preços de 30% a 40% abaixo desse valor.
Para Corread, ainda é cedo para dizer qual o resultado concreto da participação na feira em termos de negócios consumados. De acordo com ele, foram fechados pedidos entre US$ 50 mil e US$ 60 mil, mas eles precisam ser efetivamente confirmados.
Exportações
Esta foi a segunda participação da Rimo na Index. No ano passado a empresa procurou fazer a “maior aproximação possível” do mercado árabe e arrumar um representante, o mesmo que depois a abasteceu de informações para o desenvolvimento dos móveis.
“Estabelecer o contato com uma pessoa local talvez seja o pulo do gato para entrar em qualquer mercado”, afirmou Corread.
De acordo com ele, a empresa começou a exportar há cerca de três anos e quer fechar 2003 ultrapassando a marca dos US$ 1 milhão em exportações, o dobro do que foi vendido ao exterior no ano passado.
Segundo o executivo, a Rimo atua em todos os continentes, com exceção da Oceania, sendo que o principal cliente são os Estados Unidos, que absorvem 40% do total exportado. Os países árabes, por sua vez, respondem por cerca de 20% do mercado externo da empresa.
Ainda de acordo com Corread, a Rimo exportou no ano passado entre 8% e 9% de sua produção e a expectativa é que este ano as vendas internacionais cheguem a 15%. Ele conta que hoje a empresa, fundada em 1989, tem 300 funcionários e produz 110 metros cúbicos ao dia (medida utilizada na fabricação de móveis). Em julho do ano passado, segundo o executivo, a produção era de 70 metros cúbicos ao dia.
O mundo árabe vem se tornando um importante foco de exportação para os fabricantes brasileiros. De acordo com Rogério Bellini, o estande do Brasil na Index foi a maior apresentação da indústria moveleira nacional no exterior em 2003.
A expectativa da Apex é que os mais de mil contatos comerciais firmados se transformem em negócios na ordem de US$ 4,5 milhões nos próximos 12 meses.