São Paulo – A consolidação do mercado árabe e o fato de países islâmicos não consumirem carne de porco são alguns dos atrativos encontrados pela GA Tecnologia, de São Paulo, para procurar vender seus sistemas de abate de frango para o Norte da África e do Oriente Médio. A empresa já exporta para mais de 30 países, a maioria na América Latina, e espera ampliar a quantidade de clientes a partir deste ano.
A empresa criada em 1984 desenvolveu, inicialmente, balanças classificadoras de frangos, utilizadas para separar os animais conforme seu peso. Em 1998, a GA lançou um novo sistema para abater os animais: eletro narcose, um meio pelo qual o animal é imerso em água para receber uma descarga elétrica. Ele fica inconsciente por alguns segundos para, então, ser degolado.
Segundo o sócio-diretor da empresa, Luiz Storino Filho, a GA desenvolveu o atordoador, um equipamento que aplica a descarga elétrica sem matar o animal. Esse sistema evita que o frango libere enzimas e hormônios que comprometem a qualidade da carne para consumo. A segunda versão do sistema foi lançada em 2007 e aperfeiçoada para aumentar a eficiência do sistema de abate. Ela evita, por exemplo, que uma descarga elétrica mate o frango.
Segundo Storino alguns dos maiores processadores de carne de frango do Brasil, como a BRFoods e o frigorífico Marfrig utilizam seu sistema. Na Argentina, diz, os quatro maiores abatedores de frango atendem 80% do mercado e todos utilizam o sistema da GA.
A empresa tem clientes também na Europa, nos Estados Unidos e no Sudeste Asiático. Ela pretende, agora, entrar no mercado árabe. O motivo, segundo Storino, é a oportunidade que este mercado apresenta.
“É claro que essa realidade [de crise nos países ricos] influencia nas decisões da empresa, mas não foi por isso que decidimos pelos países islâmicos ou as nações da África. Acho que o mercado africano passa por um amadurecimento. Não é só isso. Nos países que consomem carne de porco e de boi, o frango não é a primeira opção. Mas na cultura islâmica, que não come carne de porco, é uma das primeiras opções de consumo”, afirma.
As exportações respondem, atualmente, por 50% da receita da empresa e a meta de Storino é aumentar em 50% suas vendas externas este ano. “De cada dois abatedores que produzimos, um fica no Brasil e o outro nós exportamos”, diz.
Ele afirma que a consolidação dos mercados e meios de produção dos países africanos ocorre à medida que a agricultura local se desenvolve e que as formas de abate se profissionalizam. Em alguns países da África, na Índia e até no Nordeste brasileiro, ainda é comum o cliente comprar o frango vivo ou morto, depenar e limpar o animal antes de consumir.
Storino ainda não decidiu pelo país que poderá receber os primeiros investimentos e produtos da GA, mas afirma que tem intenção de começar sua participação no mercado islâmico pela Turquia, que não é árabe, e, no africano, por Angola. No entanto, diz que o que irá determinar os primeiros investimentos não é sua preferência, mas as “oportunidades” que surgirem.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entre janeiro e novembro do ano passado o Brasil exportou US$ 2,43 bilhões em frangos e processados de frango para os países árabes. Em comparação com o mesmo período de2010, o crescimento foi de 15,62%.
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