São Paulo – Há 22 anos, o município de Extremoz, no estado do Rio Grande do Norte, tem dromedários como atração turística nas dunas de Jenipabu. A empresa Dromedunas Turismo oferece passeios com os animais, além de projetos educativos que abordam temas ambientais e da cultura local. A ideia surgiu a partir da viagem ao Marrocos e à Índia, onde o marido da proprietária Cleide Batista, já falecido, se encantou com a paisagem e os animais.
Com a pandemia da covid-19, no entanto, Batista está com as atividades paralisadas desde março e precisando de ajuda para manter os animais. “Eu parei dia 21 de março porque nossa atividade era de risco. Vem gente de todos os países que se pode imaginar e optei por parar antes mesmo de medidas do governo”, explicou ela.
A empresa conta com a colaboração de amigos e apoiadores para manter os cuidados e a alimentação de seus 13 dromedários, mas o valor não é suficiente porque os custos são altos. Entre as despesas estão R$ 1.500 em ração a cada semana. Há também o pagamento do veterinário e tratador que trabalha cuidando dos animais. “Temos sempre alguém no estábulo onde os dromedários ficam. Minha filha, que é gerente, reveza comigo e com o tratador. Todos os dias eles têm banho de sol, que adoram. Então, o trabalho é diário, tem todo uma lida”, conta Batista.
A empresária explica que não conseguiu nenhum tipo de apoio governamental e por isso decidiu também criar uma campanha para doação on-line. “Estamos fazendo campanha em banners na cidade e, agora, a vaquinha pela internet para comprar ração até dezembro. Porque não temos como comprar. Nosso capital de giro acabou. Já vendi oito dromedários para hotéis fazenda e tenho 13 e uma delas está prenha. Vamos fazer mais um ultrassom para confirmar”, explicou ela.
O quadro de funcionários já foi reduzido e cada um deles só trabalha quatro horas por dia. A empresa, que começou com seis animais vindos da Espanha, e com o sucesso da atividade adquiriu mais dromedários, que passaram a se reproduzir no Brasil, agora vai sair de cena no turismo. “Eu tomei a decisão de encerrar o passeio. Vou continuar como escola ambiental. Para o turismo vai ficar somente a parte de fazer fotos (com os dromedários), onde os turistas podem também usar nossas peças de roupas típicas árabes”, diz.
Quando a pandemia começou, a empresa já estava em transição dos passeios nas dunas de Jenipabu para o projeto de educação ambiental. Batista conta que há 20 anos tem outros trabalhos educativos, como uma horta comunitária que reaproveita o esterco dos dromedários como adubo. “Já fazemos experiência ambiental, mas o passeio roubava a cena. Nas aulas de educação ambiental contávamos de onde vem o animal, qual a origem, qual a raça. Também abordávamos o tema da área de preservação ambiental, contando que estamos em uma, chamada Área de Proteção Ambiental Jenipabu”, relatou ela.
A empresária quer agora dividir os esforços em educação em duas áreas: a história indígena da região brasileira e a história árabe. “Sou descendente de índios, e sinto que devo isso aos meus ancestrais. Porque não é todo mundo que valoriza eles e a história deles, a contribuição que deram. E a história árabe, talvez com foco na egípcia, também. Assim que for possível, vamos repaginar todo esse local”, afirmou Batista.
Veja, abaixo, um dos vídeos no canal da empresa, onde os animais podem ser vistos:


