Salvador – Empresários baianos deverão visitar países árabes em 2014. Uma missão de negócios começou a ser articulada nesta quinta-feira (31) entre a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) durante a realização do Fórum Econômico Bahia – Países Árabes. Do encontro participaram empresários baianos e o Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, que nesta semana realizou uma visita à Bahia.
De acordo com o diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, a missão empresarial deverá ser realizada já no próximo ano com um pequeno grupo de empresários baianos. “Há possibilidade de aumentar a relação comercial entre a Bahia e os países árabes”, afirmou Alaby. Ainda nesta quinta-feira a proposta foi apresentada por Alaby ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). O líder baiano afirmou que deverá liderar essa missão se não for impedido pela agenda eleitoral do próximo ano.
“Quem faz negócios são os empresários, mas a presença de um governador de estado em uma missão internacional é uma garantia para o empresário que deseja investir”, afirmou Wagner. A Bahia exportou menos de US$ 70 milhões aos países árabes em 2012 e importou US$ 997,3 milhões, principalmente em derivados de petróleo e fertilizantes. Segundo Wagner, o estado tem investido na atração de empresas estrangeiras. Nos últimos seis anos (desde quando assumiu o cargo), disse o governador, 400 empresas se instalaram no estado e 100 ampliaram ou modernizaram suas unidades.
Antes do encontro com Wagner, empresários baianos e os diplomatas árabes participaram do fórum na Fieb, onde também trataram de investimentos. Representantes de 20 empresas baianas interessados em exportar ou manter relações comerciais com companhias árabes participaram do evento. No encontro havia empresas dos setores de arquitetura, construção, exportação de cacau, logística e serviços, entre outros.
Cultura e comércio
No encontro que tiveram com o governador da Bahia, os embaixadores também discutiram a criação, em Salvador, da Casa da Cultura Árabe, a exemplo do que já havia sido discutido na quarta-feira (30) com o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM). Wagner apoiou a ideia e sugeriu que os embaixadores escolham um dos imóveis do estado no centro histórico de Salvador para instalar a Casa de Cultura. O governador baiano também sugeriu que se realize uma “semana árabe” em Salvador, com programação cultural típica e preparo de receitas da culinária árabe.
Para Alaby, a criação da Casa de Cultura e a realização da missão dos empresários baianos aos países árabes serão os primeiros passos para incrementar a corrente comercial entre o estado e os países do Oriente Médio e do Norte da África.
Ainda na quinta-feira, os diplomatas visitaram o Arquivo Público da Bahia, onde estão armazenados textos escritos em árabe por escravos africanos muçulmanos que queriam libertar seus pares na Insurreição dos Malês, ocorrida em janeiro de 1835 e na qual muitos revoltosos morreram. Os textos expostos pelo arquivo da Bahia são, na sua maioria, trechos do Corão, o livro sagrados dos muçulmanos. Os escravos levavam esses textos em pequenos bolsos presos à roupa como amuletos para protegê-los. Os textos em poder do arquivo da Bahia são parte de processos judiciais de condenação dos escravos sobreviventes da revolta.
Ao fim da visita do Conselho de Embaixadores à Bahia, o decano dos diplomatas e embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, afirmou que os encontros realizados foram positivos e deverão resultar em negócios no futuro. “Essa visita foi boa tanto no sentido econômico e de investimentos, quanto cultural e social. Identificamos parceiros, esferas de interesse, raízes em comum. Um dos resultados importantes é a possibilidade de criarmos na Bahia a Casa de Cultura Árabe em cooperação com o Estado e a Prefeitura”, afirmou.
Da visita participaram os embaixadores da Palestina, Sudão, Argélia, Egito, Omã, Catar e da Liga Árabe e os encarregados de negócios da Mauritânia, Arábia Saudita, Marrocos e Jordânia. Os embaixadores do Kuwait e da Tunísia participaram dos encontros da quarta-feira, mas nesta quinta-feira retornaram a Brasília para apresentar suas credenciais à presidente brasileira, Dilma Rousseff. Assim como eles, os diplomatas do Marrocos, Iraque e Líbano também se reuniram com a presidente, mas não foram à Bahia. Da viagem também participou o vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e o encarregado para o Oriente Médio no Itamaraty, Carlos Leopoldo.


