Geovana Pagel
São Paulo – A Feira Internacional de Argel, entre os dias 2 e 10 de junho, na capital da Argélia, vai representar uma oportunidade para 10 empresários brasileiros apresentarem e venderem seus produtos. O país africano pretende comprar o equivalente a US$ 21,1 bilhões no mercado internacional este ano, contra os US$ 16,5 bilhões de 2003.
O Brasil será representado por empresas de diversos setores como alimentos, utensílios domésticos, máquinas agrícolas, calçados, auto-peças e plásticos.
A fabricante paulista de Ventiladores, Ventisilva, vai expor seus produtos pela primeira vez em Argel. A diretora da empresa, Ligia Mezher Silva, conta que o primeiro contato com empresários argelinos ocorreu há aproximadamente um ano. “Um grupo que estava no Brasil levou alguns folderes e amostras de ventiladores. Vamos viajar confiantes no contato com este possível representante”, explica.
Segundo ela, o importador argelino pretende adquirir as peças produzidas pela Ventisilva e finalizar a montagem na fábrica própria em Argel. “Estamos em busca de parcerias mesmo. Nossa meta é fazer com que nossas exportações, que hoje não chegam a 1% da produção, atinjam 30%”, garante.
A Nogueira S/A Maquinas Agrícolas também fará parte do estande brasileiro em Argel. Porém, este não será o primeiro contato da empresa com o mundo árabe. “Nós já exportamos para Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã há dois anos”, conta o trader da empresa, André Luiz Verardi.
De acordo com Verardi, o maior objetivo, na feira, é fazer contatos, conhecer novas empresas e aproveitar a oportunidade para visitar os demais países árabes da região: Líbia, Tunísia e Marrocos.
“Procuramos parceiros para contratos longos. Nossa expectativa é que o mundo árabe represente 50% do total exportado pela empresa nos próximos anos”, garante. Atualmente as vendas para os países árabes significam apenas 10% do total exportado pela empresa.
Seminário
Nesta semana que antecede a feira de Argel, empresários e funcionários do governo argelino participam do Seminário de Relações Econômicas América Latina e Argélia. Segundo o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Michel Alaby, que vai representar o Brasil no encontro, o seminário será promovido pelo Ministério das Relações Exteriores da Argélia, nos dias 26 e 27 de maio.
“Falaremos sobre o perfil dos países, desenvolvimento, importação, exportação, legislação de investimentos e como a América Latina poderia se aproximar da Argélia”, antecipou o secretário.
A feira
De acordo com Alaby, como trata-se de uma feira multissetorial,a feira de Argel vai ocupar uma área de mais de um milhão de metros quadrados e são esperados expositores de aproximadamente 30 países.
O estande brasileiro, que terá aproximadamente 100 metros quadrados, vai ser organizado pela CCAB e pelo Ministério das Relações Exteriores.
Na edição de 2003, que teve a participação de 22 países, o estande brasileiro contou com 12 empresas que enviaram seus catálogos e amostras, ou estavam presentes. "A Argélia foi escolhida porque além de representar ótimas oportunidades de negócios, apresenta o maior déficit comercial com Brasil entre os países árabes", destacou Alaby.
O secretário ressaltou ainda o fato de recentemente a Argélia ter promovido a abertura de concorrência em setores como construção civil e telecomunicações. "A Argélia apresenta uma grande demanda por produtos e serviços", afirmou.
Equilibrando a balança
Em 2003, o comércio entre a Argélia e o Brasil somou US$ 1,267 bilhão. No total, o Brasil exportou US$ 153,7 milhões e importou US$ 1,1 bilhão.O que gerou um déficit de quase US$ 1 bilhão para o Brasil.
Hoje os principais produtos brasileiros exportados para a Argélia são trigo, açúcar, fios de alumínio, carne bovina, tratores rodoviários e leite em pó integral.
Vale lembrar que no primeiro trimestre deste ano ocorreram aumentos expressivos nas exportações para os argelinos. De janeiro a março de 2004 as vendas do Brasil somaram US$ 63 milhões contra US$ 25,2 milhões registrados nos três primeiros meses de 2003.
O principal item da pauta passou a ser o trigo, produto que o país começou a exportar apenas no final do ano passado. O cereal representou US$ 25,5 milhões nas vendas para os argelinos no primeiro trimestre de 2004.
Mesmo assim, as importações de produtos argelinos pelo Brasil continuam superiores. Nos primeiros três meses de 2004 chegaram a US$ 464,4 milhões. Os principais produtos importados pelo Brasil são petróleo, nafta, fosfatos de cálcio e mercúrio.

