Da redação
São Paulo – A exemplo dos agricultores norte-americanos, os produtores rurais franceses poderão vir a comprar terras no Brasil para se dedicar à agropecuária. A expectativa é do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ivan Wedekin, que hoje (19/01) esteve reunido com uma missão empresarial liderada pelo presidente da Assembléia Permanente das Câmaras de Agricultura da França, Luc Guyau.
"O grupo ficou impressionado com o crescimento da produção agrícola brasileira, especialmente com o aumento de produtividade", afirmou Wedekin.
Os dados mostram que a revolução tecnológica no campo fez com que a produção da agricultura do país, em menos de duas décadas, saltasse de 58 milhões de toneladas para mais de 122 milhões de toneladas em 2003.
"Viemos saber como funciona a agricultura brasileira para procurar melhorar o relacionamento comercial entre os dois países", revelou Guyau acrescentando que no mercado mundial, os dois países se complementam e, ao mesmo tempo, concorrem.. Ele disse ainda que os franceses querem uma relação bilateral mais equilibrada.
"Hoje, a balança comercial é favorável ao Brasil, que exporta grãos, como soja, e importa produtos industrializados", lembrou o presidente da Assembléia Permanente das Câmaras de Agricultura da França.
De acordo com a assessoria de Comunicação Social do Mapa, até o próximo dia 28, a missão, formada por 10 empreendedores rurais, visitará fazendas e empresas exportadoras agropecuárias da região Sul.
Grandes produtores de bovinos e aves, França e Brasil são concorrentes no mercado mundial de carnes. De acordo com Luc Guyau, o fundamental nessa área é oferecer um produto saudável aos consumidores. Para ele, isso passa pelo rastreamento e certificação dos animais.
A missão também elogiou o programa Fome Zero e a preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, compartilhada por seu colega Jacques Chirac, em reduzir a fome no Brasil e no mundo. Para tanto, enfatizou o presidente da entidade, é preciso aumentar a produção e ter maior acesso a mercados.
Durante a audiência, o secretário de Política Agrícola ressaltou que o governo brasileiro não subsidia a agropecuária.
"Temos uma agricultura de mercado, sem subsídios." Wedekin também destacou a ênfase do governo Lula à inclusão econômica dos produtores familiares. O Brasil, revelou ele, tem 4,5 milhões de propriedades rurais, das quais 49% com menos de 10 hectares.
"Esse contingente representa apenas 11% da renda agropecuária. Por isso, o governo está preocupado com a inclusão econômica desse conjunto de agricultores."

