Da redação
São Paulo – A prisão de Saddam Hussein foi vista com alívio pelos empresários que participam da reconstrução do Iraque. De acordo com reportagem do jornal local Gulf News, em muitos setores, os negócios andavam devagar em razão do medo da volta do ditador.
Para analistas, dois setores que devem se beneficiar de forma mais imediata com a prisão de Saddam são os de construção e o financeiro. "Espero que as coisas voltem ao normal", afirmou ao diário um engenheiro de uma companhia que está no país.
O jornal disse ainda que ativistas de direitos humanos e políticos da região do Golfo Arábico vêem a prisão de Saddam como o "início de uma nova era". "É um grande dia para a população do Iraque e também para os amantes de liberdade em todo o mundo", declarou o deputado Abdul Nabi Salman, de Bahrein.
"Espero que o novo Iraque seja um estímulo para a marcha democrática no mundo árabe", acrescentou o político.
Ceticismo
Ainda assim, muitos continuam céticos em relação à prisão e não acreditam que a pessoa capturada no sábado por cerca de 600 soldados norte-americanos seja mesmo o ditador. "Saddam tinha muitos dublês. Esse pode ser um deles", disse uma moradora de Bahrein. Um caminhoneiro completou: "Não tenho certeza de que seja Saddam". Para ele, o fato de a prisão ter sido feita sem o uso da força gera dúvidas.
Ontem, os Estados Unidos anunciaram a captura de Saddam depois de mais de oito meses de busca. Segundo os militares, o ditador foi preso sem oferecer resistência e se mostrou disposto a cooperar.
As reações à prisão foram variadas, especialmente no mundo árabe. Na Palestina, por exemplo, e no próprio Iraque, houve manifestações a favor do ditador. A maior parte da população e das autoridades mundiais, no entanto, apoiaram a captura.
O chanceler Ahmed Maher, do Egito, país de maior peso político no mundo árabe, afirmou ontem que "ninguém ficará triste por causa de Saddam". "Seu governo causou mal à população e jogou a região árabe em diversas turbulências", disse, lembrando as guerras contra o Irã e contra o Kuwait, iniciadas pelo Iraque durante os 24 anos de governo de Saddam.
França, Alemanha e o Brasil, que foram contra a guerra, também se manifestaram a favor da prisão do ditador.
Julgamento
Hoje, não se sabe o paradeiro de Saddam. Especula-se que ele pode ter sido levado ao Catar ou ao Kuwait, mas ainda não há informações oficiais.
No domingo (14), o presidente dos EUA, George W. Bush, declarou que o ditador será julgado, mas também há duvidas sobre que tipo de tribunal julgará o ex-comandante do Iraque.
Os EUA podem pedir a pena de morte para Saddam, que está com 66 anos. Mas o Reino Unido, que é contra a pena capital, já criticou a alternativa. O premiê Tony Blair disse que, se Saddam for executado, o mundo ficará livre do ditador, mas não do "fantasma" de seu governo.