Dubai – Empresários brasileiros que participam de missão do Ministério da Agricultura ao Golfo avaliam que há possibilidades reais de atração de investimentos da região para projetos do agronegócio no Brasil, após seminário e rodadas de negócios realizadas neste domingo (21) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A delegação é liderada pelo ministro Blairo Maggi.
“Aqui (em Dubai) eles (os empresários locais) estão mais determinados no que estão procurando, passa a sensação de que pode sair negócio, de que há pelo menos a probabilidade de as negociações seguirem em frente”, disse Leonardo Einsfeld, diretor da AgrinvestBR, empresa que capta investimentos para empreendimentos agropecuários no Brasil. Os investidores dos Emirados ficaram interessados principalmente em três usinas de açúcar que ele tem em seu portfólio.
Na mesma linha, Ana Carolina Ferrari, gerente da Granja Barufi, do interior de São Paulo, disse que conversou com dois grandes importadores de frango que avaliam investir na produção no Brasil. Ela tenta atrair recursos para aumentar a produção de frangos de corte da empresa. “Eles querem vender para os nichos de mercado de personalizados e de orgânicos, e querem investir na produção no Brasil para estes nichos”, destacou.
Também do setor avícola, Nestor Freiberger, presidente da empresa Agrosul e da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), disse que os encontros realizados durante a missão, e em Dubai em especial, foram bons para mostrar que os árabes têm interesse em projetos no Brasil. “Eu vim com a expectativa de prospectar, as bases de uma relação são a confiança e a credibilidade nos dois lados”, afirmou. “Quanto mais um negócio demora para sair, mais sólido ele nasce”, acrescentou. O empresário procura recursos para ampliar a capacidade de produção de seu frigorífico de carne de frango.
José Cláudio Balducci, CEO da Amazonly, que pretende construir uma fábrica de processamento de frutas amazônicas no Amapá, disse que o trabalho de prospecção feito durante a missão tem que continuar. “Há muita gente interessada na fruticultura, principalmente na região Norte (do Brasil), mas o trabalho continua, temos que fazer o ‘follow up’”, declarou.
O diretor de planejamento e desenvolvimento do Porto de Itaqui, no Maranhão, Jaílson Macedo Luz, disse que conversou com gente interessada no leilão que será realizado no segundo semestre para a construção de um centro de armazenamento e embarque de celulose com capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano.
O custo estimado para as obras do armazém, de um píer e de um ramal ferroviário é de US$ 80 milhões. “Pediram mais informações e para avisar quando sair o edital”, contou. Ele afirmou ainda que o porto, que tem ligação com o Centro-Oeste do Brasil pela Ferrovia Norte Sul, “é uma opção de baixo custo de transporte de produtos do agronegócio para exportação”. “Pode ser uma plataforma de exportação para o Oriente Médio e África”, ressaltou.
Janine de Menezes, diretora da Biofish, pretende atrair recursos para projetos de criação de peixes de água doce em Rondônia. Ela recebeu pedidos de envio de seu plano de negócios e a sugestão de participar da Gulfood, feira do setor de alimentos que ocorre em fevereiro, em Dubai.
Benita Morgan, responsável por relações internacionais na Câmara de Comércio e Indústria de Dubai (Dubai Chamber), acrescentou que a instituição irá promover a segunda edição do Fórum Global de Negócios na América Latina nos dias 27 e 28 de fevereiro de 2018, logo após a Gulfood. “O interesse na América Latina tem crescido muito”, disse.
Lamiaa Farrag, da empresa Six Degrees, de Dubai, comentou que “foi muito bom saber do potencial do mercado” brasileiro, mas que por ser emergente precisa de mais promoção no Oriente Médio e África. Sua companhia faz esta divulgação e busca parceiros para projetos.
Agronegócio vai bem
Em sua apresentação, o ministro Blairo Maggi disse que a previsão de crescimento da produção agropecuária no Brasil até a safra 2025/26 é de 32%, e destacou: “Mesmo que o governo tenha problemas, a agricultura vai bem, porque não depende do governo”.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, falou sobre as várias atividades que a entidade participa este ano, como as feiras Gulfood, que ocorreu em fevereiro, a BeautyWorld Middle East, de cosméticos, ocorrida na semana passada, e a Middle East Stone Fair, de pedras ornamentais e revestimentos cerâmicos, que começa nesta segunda-feira (22).
"E promovemos também seminários para troca de informações, reunimos governos e empresas para estabelecer acordos de comércio e investimentos, e recebemos no Brasil missões dos Emirados que procuram negócios no País”, destacou Hannun. Ele informou, por exemplo, que a Dubai Exports, agência de promoção de exportações do emirado, participou do estande da Câmara Árabe na feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas), realizada em maio, em São Paulo. “Coloco a Câmara Árabe à disposição dos empresários dos Emirados e do Brasil para o que for necessário para o aumento dos negócios”, declarou.
O diretor-geral da instituição, Michel Alaby, acrescentou que “a produção agropecuária no Brasil pode ajudar na segurança alimentar dos países árabes” e comentou que os investimentos de fundos estrangeiros no País não pagam imposto de renda e que os investidores de fora têm os mesmos direitos dos brasileiros. “A Câmara Árabe está à disposição de vocês para auxiliar na busca de fornecedores e de parceiros para investimentos no agronegócio brasileiro”, afirmou o executivo aos empresários dos Emirados.
A delegação brasileira já passou pelo Kuwait, Arábia Saudita e Emirados, e agora o ministro Maggi segue para Doha, no Catar, para os últimos compromissos oficiais da programação, nesta segunda-feira. Os empresários já estiveram na capital catariana na última quinta-feira e para eles a missão acabou.