Manaus – As empresas do Amazonas querem exportar ao mercado árabe. A vontade foi manifestada por empresários locais nesta quarta-feira (08), em Manaus, durante reuniões com embaixadores árabes que estão em missão ao estado. Os encontros ocorreram após seminário sobre oportunidades de negócios e investimentos na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam).
Entre as empresas presentes ao encontro e interessadas no mercado do Oriente Médio estavam muitas da área de cosméticos. A Pharmakos D’Amazônia, de Manaus, era uma delas. A empresa produz 150 tipos de produtos, entre xampus, sabonetes, gel e hidratantes. Ela deve embarcar em breve para Estados Unidos e Itália suas primeiras exportações significativas, segundo o proprietário, Schubert P. Junior.
Mas o empresário está de olho no mercado árabe. “É um sonho, que era um pouco distante”, disse ele à ANBA antes do seminário. O encontro e as iniciativas da Fieam de aproximação com os árabes estão tornando o objetivo menos distante. A Pharmakos D’Amazônia produz 120 mil unidades de produtos ao mês e usa como matérias-primas plantas locais como andiroba, urucum e copaiba. A própria empresa cultiva 10 mil tipos de plantas medicinais para colocar nos cosméticos.
A empresa Amazoe também estava presente na Fieam em busca de negócios. A micro indústria quer um investidor para crescer e também pretende exportar. Ela produz itens nutricionais e cosméticos. Os nutricionais são suplementos alimentares a base de soja com ervas da Amazônia. Andiroba, açaí, castanha, copaiba e outras plantas amazônicas fazem parte dos insumos dos cosméticos. A Amazoe ainda não exporta, segundo suas proprietárias, Maria Alderi e Francisca Mendonça, que estavam na Fieam com a diretora de Marketing Eliane Gomes.
As empresárias e vários outros empreendedores, além de lideranças da Fieam, receberam informações sobre os países árabes no seminário. O diretor geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, falou sobre o potencial do mercado da região e o comércio que os árabes já têm com o Brasil. No ano passado, o País exportou US$ 13,4 bilhões aos árabes, principalmente em alimentos e commodities, e importou US$ 11,4 bilhões, principalmente em petróleo e derivados, além de fertilizantes, segundo o diretor da Câmara Árabe.
Alaby lembrou aos empresários que os árabes também são fornecedores de produtos como confecções, algodão, tâmaras e azeite de oliva, entre outros. O presidente da Fieam, Antonio Silva, abriu o seminário, no qual os embaixadores árabes ouviram sobre o potencial econômico do Amazonas. Silva afirmou que o estado tem a oferecer desde fármacos até têxteis, além de alimentos e turismo.
Zona Franca
O secretário executivo de Relações Internacionais da Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Farid Mendonça, que é descendente de libaneses, apresentou aos diplomatas a Zona Franca de Manaus, onde estão instaladas empresas com incentivos fiscais.
A Zona Franca tem mais de 500 indústrias que geram 120 mil empregos diretos. O faturamento anual é de US$ 35,8 bilhões, e entre os incentivos fiscais estão a redução de 80% do imposto de importação para insumos usados na industrialização de produtos, redução de até 75% do Imposto de Renda, além de outros incentivos.
Em contrapartida, quem quer se instalar precisa assumir compromissos, como oferecer benefícios sociais a trabalhadores e gerar empregos na região. Os eletrônicos têm o maior faturamento. As importações de insumos vêm principalmente da Ásia e as exportações vão para América Latina, de acordo com o secretário executivo. O modelo da Zona Franca de Manaus é, segundo ele, sustentável para a região.
Uma irmã para Manaus
Além do seminário na Fieam, os embaixadores árabes que participam da missão ao Amazonas também estiveram com o prefeito em exercício e presidente da Câmara de Vereadores de Manaus, Wilker Barreto (PHS). O político destacou a importância da visita dos embaixadores em um momento econômico difícil para o Brasil. “Essa visita reforça a confiança que vocês têm em Manaus e no Brasil”, disse.
Ele lembrou que Manaus foi considerada a cidade brasileira que melhor sediou os jogos da Copa do Mundo em 2014 e que ela também receberá jogos de futebol das Olimpíadas em 2016. Frente a isso, o presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, sugeriu um intercâmbio da cidade de Manaus com o Catar, que vai receber os jogos da Copa do Mundo em 2022. O embaixador do Catar, Mohammed Al-Hayki, não conseguiu participar da missão por problemas de saúde.
O decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, Ibrahim Alzeben, também embaixador da Palestina em Brasília, pediu a Barreto que verificasse a possibilidade de Manaus se tornar cidade irmã de municípios árabes que também se formaram ao redor de rios, como a capital do Amazonas. Várias cidades mundo a fora fazem acordos de cidades irmãs para intercâmbio e troca de experiências.
Depois do encontro com Barretos e da reunião da delegação com o governador José Melo (Pros), o presidente da Câmara Árabe fez um balanço positivo das atividades. “Essas visitas sempre são importantes porque a gente mostra para as autoridades locais a dimensão do bloco dos países árabes”, disse Sallum. “É um mercado muito grande, que exporta assim como importa muito”, afirmou. O presidente da entidade afirmou que os objetivos da visita foram alcançados.


