São Paulo – Criada no fim do ano passado, a Brado Logística anunciou quarta-feira (06) que vai investir R$ 1 bilhão no transporte de cargas nos próximos cinco anos. Este foi mais um anúncio de investimento em infraestrutura e logística feito na feira Intermodal, a maior do setor de transporte e logística da América Latina, que termina nesta quinta-feira.
O presidente da empresa, José Luis Demeterco, afirmou que a companhia já tem entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões para investir em 2011 e 2012. A Brado dispõe também de dinheiro em caixa e uma linha de crédito pré-aprovada para obter empréstimos. Do total de investimentos, 80% serão feitos em locomotivas, vagões e caminhões, e outros 20% em terminais.
A empresa foi criada no fim do ano passado, a partir da fusão da divisão de contêineres da América Latina Logística (ALL) com a Standard Logística, com sede no Paraná. A ALL, maior operadora ferroviária do Brasil, tem 80% do negócio, e os sócios da Standard, os outros 20%.
Diferentemente da ALL, a Brado deverá concentrar seus serviços em empresas com baixo volume de cargas, foco no varejo e na pulverização de clientes. Demeterco afirma que o serviço que a Brado presta é pouco explorado no Brasil e acredita que, ao atender clientes menores, a empresa vai contribuir, inclusive, para tirar caminhões das rodovias. Mas não todos, pois há trechos, pequenos, que não são atendidos por trens. "É um negócio novo para o Brasil", disse.
De acordo com o presidente da Brado, os contêineres correspondem a 2% das cargas transportadas por trens. "Queremos atingir 12% nos próximos anos. Somos a primeira empresa a fazer esse investimento e a criar know-how no mercado de transporte de contêiner", disse.
Outras empresas também aproveitaram a Intermodal para anunciar investimentos no setor de infraestrutura. A Santos Brasil comprou uma área de 2,1 milhões de metros quadrados a seis quilômetros do porto de Imbituba, em Santa Catarina, no Sul do País. O terreno fica às margens da Rodovia BR-101 e será utilizado para armazenagem frigorífica e de contêineres, pátio regulador e de movimentação de cargas. O principal foco da compra desta área são empresas exportadoras e importadoras. O investimento de R$ 22 milhões soma-se a R$ 283 milhões investidos recentemente na ampliação do cais do porto de Imbituba, compra de equipamentos e reforma de armazéns.
Diretor comercial da Santos Brasil, Mauro Salgado afirma que o investimento na região tem foco nas empresas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ele observa que o setor de infraestrutura deverá receber incentivos do Governo Federal e afirma que a demanda de empresas exportadoras do Sul do Brasil justifica o investimento. "Ainda neste ano, o governo deverá concluir o aprofundamento do calado do Porto de Santos, [em São Paulo], de 11 metros para 15 metros. Por isso, grandes empresas de transporte marítimo anunciaram que trarão navios bem maiores para cá. E, com o PAC 2 (segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento), o porto de Imbituba também será contemplado com o rebaixamento do calado. Estes navios não podem ir para o porto de Itajaí, [também em Santa Catarina], e Imbituba será uma opção", disse Salgado.
Gargalos
Gargalos na infraestrutura de transporte são constantemente apontados como entraves ao crescimento do País, daí a importância de investimentos de grande porte na área. Salgado observa, contudo, que, quando se fala do tema, é preciso observar as peculiaridades de cada setor.
Demeterco, da Brado, acrescenta que a falta de infraestrutura em alguns setores pode, por outro lado, trazer oportunidades. "Os gargalos existem, mas criam a chance de construirmos ferrovias. Agora poderemos fazer com que o trem leve o produto do porto para a fábrica, direto, sem precisar passar pelo caminhão em alguns casos. Desta forma, o caminhão não fica dias parado esperando a carga. Só que os portos também precisam estar preparados para receber mais trens", diz.