São Paulo – Cresce o interesse das empresas brasileiras pelos países árabes. Cada vez mais companhias de diferentes setores se preparam para abrir unidades em mercados promissores, como os Emirados Árabes Unidos e o Egito, para citar apenas dois. Os Emirados, por exemplo, devem receber investimentos diretos estrangeiros de US$ 6,2 bilhões em 2010, diante de US$ 5 bilhões em 2009.
Tanta animação é fruto de esforços variados nesse sentido, como as missões comerciais organizadas pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e as ações desenvolvidas pelas embaixadas de nações do Oriente Médio aqui. Entre as corporações, a procura avança sobretudo nos setores de alimentos, franquias e automóveis.
“A aproximação política entre o Brasil e os países árabes têm gerado bons frutos comerciais e de investimentos”, afirma o secretário geral da Câmara Árabe, Michel Alaby. Segundo ele, a opção por esse ou aquele país dentro do bloco depende do projeto de cada empresa: os Emirados atraem principalmente quem trabalha com comércio, enquanto o Egito e o Marrocos oferecem boas vantagens competitivas para indústrias, por exemplo. E quais são as melhores oportunidades para os brasileiros? “Negócios como churrascarias, cafés e grifes de roupas têm muito espaço para crescer nesse bloco”, explica Alaby.
Diante desse cenário, empresas como a Brasil Foods (resultado da fusão da Sadia e da Perdigão), Vale do Rio Doce, Tubos Tigre, Odebrecht, Boticário, Via Uno e Arrezzo, entre outras, fazem parte do time de quem já chegou lá.
De acordo com informações da Odebrecht Engenharia & Construção, hoje presente nos Emirados e na Líbia, o setor de infra-estrutura no bloco árabe possui um dos maiores potenciais de crescimento do mundo. A empresa toca duas obras nesses locais: a construção do EVA Hotel em Abu Dhabi, nos Emirados, do Aeroporto Internacional e do Terceiro Anel Viário de Trípoli, na Líbia. E já executou projetos no Iraque, Kuwait e Djibuti, tendo faturado aproximadamente US$ 250 milhões em 2009 pelos serviços de infra-estrutura que desenvolveu no Oriente Médio.
Segundo o gerente de Desenvolvimento de Mercado da Câmara Árabe, Rodrigo Solano, a expectativa é de que, à medida que o Brasil e os países árabes se aproximem, os investimentos passarão a ser feitos de forma cada vez mais direta. “Em 2008, de acordo com as informações do Banco do Brasil, os Emirados ficaram na frente dos investimentos feitos por empresas brasileiras, com US$ 6 milhões registrados. Países como Bahrein, Líbano e Líbia receberam US$ 1 milhão cada um”, afirma.
E que atrativos o Oriente Médio oferece para as empresas estrangeiras? “A possibilidade de fazer investimentos com parceiros locais, de ter 100% de propriedade estrangeira, impostos aduaneiros entre 4% e 5% para a maioria dos itens, garantia de não apropriação ou nacionalização dos investimentos realizados e respeito ao cumprimento de contratos de propriedade privada”, explica Solano. Isso, claro, além de um mercado consumidor estimado em 320 milhões de pessoas. E ansioso para receber produtos e serviços made in Brazil.