Dubai – Conhecer o mercado árabe, prospectar potenciais compradores e distribuidores e abrir escritório em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Esses são alguns objetivos das empresas que participam da missão empresarial organizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira aos Emirados Árabes Unidos e ao Catar, que teve seu início neste domingo (31) e se encerrará no próximo final de semana em Doha.
No primeiro dia de uma semana intensa de atividades, os empresários de onze empresas brasileiras se reuniram na sede da Câmara Árabe em Dubai para uma apresentação inicial e um seminário sobre inovação, apresentado pelo Instituto Atton. O presidente da entidade, Osmar Chohfi, introduziu o tema dos negócios no mundo árabe e disse que é um mercado que apresenta grandes atrativos para o Brasil por ter uma população jovem e crescente, e que os Emirados combinam um grande respeito à tradição com uma incrível modernidade.
“Os Emirados estão super conectados e tiveram grandes avanços logísticos nos últimos anos. Eles já chegaram a um mundo bastante moderno em termos de facilitação de negócios”, disse o embaixador, mencionando ainda a importância de se conhecer sobre o mercado halal, aquele em que os produtos e serviços estão permitidos para o consumo de muçulmanos. “É importante que os brasileiros conheçam esse novo mundo”, declarou.
O secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, também fez suas considerações. Segundo ele, as empresas que vieram a Dubai devem pensar em um ambiente de negócios a médio e longo prazo. “Tentem absorver o máximo que puderem, é um mundo muito diferente e vocês vão aprender como negociar com países diferentes”, disse. Ele exemplificou dizendo que no Norte da África, geralmente se negocia diretamente com o proprietário da empresa, enquanto no Golfo geralmente as primeiras reuniões são feitas por funcionários, e os emiráticos só entram em cena para fechar negócio, após duas ou três reuniões.
“Dubai sempre foi um lugar de conexão, de conhecimento, muito além de ser um ambiente de negócios. Aqui, você encontra pessoas do mundo todo. Tentem conhecer pessoas, abrir essa rede de contato em seus setores e ganhar mais experiências desse mundo enquanto estiverem aqui”, orientou, mencionando ainda a Copa do Catar, no ano que vem, já que Doha será o segundo destino da missão.
Participam da missão os empresários Silvano Luna, proprietário da Cacau Foods do Brasil; Flavio Quintanilha, sócio-proprietário da Ecotrading; Valéria Cristina Natal, diretora-executiva da Distillerie Stock do Brasil; Ali Mohamed El Turk, das Indústrias Almina; Víctor Martínez, CEO da Bendita Mandioca; Josiel Feliciano, CEO da JCF Embalagens; a CBO Rafaella Gomes e o CEO Ramom Vasconcelos, da Zoo Flora; Magali Garcia Rodrigues, gerente de Exportações da Ziggy; Rodrigo Bicasa, gerente de compras da Intercroma; Humberto Filho, CEO da Falcafé, e Nizar El Gandhour, diretor de Relações Internacionais da Fambras Halal.
Stock do Brasil
Valéria Natal, da empresa de bebidas Stock do Brasil, contou à ANBA que recentemente iniciou as exportações de sua linha de concentrados de frutas para a Arábia Saudita e já foram embarcados dois contêineres. A linha de concentrados tem 36 sabores, entre eles, de frutas típicas do Brasil, como guaraná, açaí, maracujá e goiaba. Natal disse que sabe que os árabes muçulmanos utilizam muito xarope, tanto em cafeterias como em mocktails, os coquetéis não alcoólicos, e que esta é uma boa oportunidade para conhecer melhor o jeito local de fazer negócios.
“Vemos muitas oportunidades na região e queremos iniciar as exportações para os Emirados, Catar, Bahrein e todo o mundo árabe. Meu objetivo é aprender mais sobre o mercado árabe e exportar mais. Estaremos presentes na Gulfood em fevereiro do ano que vem”, disse Natal.
Além dos concentrados, a Stock também produz bebidas alcoólicas como o gin Seagers e os licores Stock. “Quem sabe em um futuro próximo também consigamos entrar no mercado de bebidas alcoólicas”, disse.
Falcafé
Humberto Filho, da Falcafé, contou que a empresa exporta café verde para o mundo todo, e que o Oriente Médio é a região onde o consumo mais cresce. Ele vende em sacas de 30 kg, 60 kg, 1 tonelada e a granel. “A nossa ideia é ter um hub aqui em Dubai para depois reexportar para os países próximos, do Oriente Médio e Ásia, além de atender microtorrefações das pequenas cafeterias que servem cafés especiais aqui em Dubai, que são muitas. É um mercado muito pujante e um grande mercado para o café brasileiro especial”, disse.
Com a crise logística mundial, Humberto Filho começou a exportar mais por via aérea. “Apesar do custo maior, exportamos por avião e estamos aumentando o volume dessa exportação aérea”, disse. Ele pretende dobrar o volume de exportações para a região nos próximos dois anos.
Ziggy
A empresa Ziggy, de fumo e shisha, está buscando a internacionalização. A gerente de Exportações, Magali Garcia Rodrigues, informou à ANBA que a empresa familiar produz uma linha de cigarros de palha e o charuto Dom Porfirio, além de 15 sabores de essências de narguilé, como tangerina, menta, melancia, caju, café e maracujá. “Os sócios decidiram internacionalizar e essa é minha primeira visita aos Emirados. Vim fazer pesquisa de mercado, ver como funcionam as zonas francas e a possibilidade de montar um hub de distribuição própria aqui”, disse Rodrigues. Ela terá uma reunião com uma distribuidora local na terça-feira (02).
A diretora de Novos Negócios da Câmara Árabe, Daniella Leite, comanda a missão empresarial ao lado da consultora de Negócios Internacionais da entidade, Karen Mizuta.
Tamer Mansour concluiu que Dubai é o lugar onde os negócios estão acontecendo no mundo neste momento. “Nem parece que teve pandemia, as pessoas estão se sentindo muito seguras, querendo fazer negócios. E este foi apenas o primeiro mês de Expo. A feira vai terminar em março, e em novembro temos a Copa no Catar. O mundo está cada dia mais confiando nos árabes e este é o lugar onde os negócios estão acontecendo”, disse.