São Paulo – Empresas do setor de defesa e segurança participaram nesta segunda-feira (22) de um seminário sobre internacionalização e exportações. O encontro foi organizado pela Associação Brasileira das Indústria de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) e ocorreu na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
O diretor de Projetos da Abimde, Paulo Albuquerque, explicou que muitas empresas desta área não conseguem manter um fornecimento regular às Forças Armadas do Brasil, pois não há uma demanda constante, dependendo do produto ou do serviço.
“Esta indústria depende das exportações e da ‘dualidade’, que consiste no uso de materiais de defesa nas indústrias civis”, disse Albuquerque à ANBA. “E a Abimde tem o compromisso de apoiar as empresas a exportar”, acrescentou.
Nesse sentido, o público-alvo do seminário foram empresas ainda não acostumadas ao dia a dia das operações de comércio exterior. Este primeiro evento tratou dos principais passos para uma companhia começar a exportar. Nos eventos seguintes serão abordados temas específicos. “Vamos nos aprofundar em outras áreas, como financiamento de exportações, por exemplo”, declarou Albuquerque.
Ele ressaltou que a Abimde não reúne apenas empresas de armamentos, mas companhias de tecnologia em geral, desenvolvedores de softwares, de engenharia aeroespacial, de equipamentos de segurança, entre outras. “São empresas inovadoras”, observou.
A avaliação do setor é que o Brasil pode crescer muito no mercado internacional nesta área. O diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério da Defesa, general Luis Antônio Duizit Brito, que acompanhou o seminário, comentou que o mercado mundial de produtos de defesa movimenta cerca de US$ 1,7 trilhão por ano, sendo que as exportações brasileiras somam US$ 4,2 bilhões, segundo a Abimde, e se forem considerados apenas produtos de defesa “controlados”, o valor é US$ 1 bilhão.
“É pouco, mas podemos crescer”, afirmou Brito. “Nós recebemos visitas de muitas delegações internacionais que buscam aqui equipamentos e serviços”, destacou. Para ele, é possível multiplicar por dez o volume de exportações de produtos de defesa controlados, para cerca de US$ 10 bilhões.
Em sua avaliação, um impulso pode vir da articulação do Ministério da Defesa com o Ministério das Relações Exteriores, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Abimde e outras instituições ligadas ao setor, não só para promover os produtos e serviços brasileiros nos exterior, mas para eliminar “barreiras desnecessárias”, incentivar ajustes na legislação, ou seja, propor e implementar medidas que facilitem os negócios.
Brito acrescentou que, além de trazer divisas ao País, o aumento das exportações da indústria de defesa pode gerar empregos e impulsionar o desenvolvimento tecnológico.
A Abimde conta com o apoio da consultoria Ultramares Negócios Internacionais para a elaboração de uma estratégia comercial internacional. O gerente de negócios da empresa, Maurício Manfré, contou à ANBA que trabalha no desenvolvimento de uma rede de agentes de inteligência de mercado para monitorar a movimentação do setor de defesa pelo mundo, principalmente em mercados considerados prioritários. De posse de dados consolidados, a ideia é produzir relatórios e propor um plano de ação para atuação das empresas.
Mercado árabe
O mundo árabe é um dos mercados considerados estratégicos para o setor. “O mercado árabe é considerado estratégico para o Brasil neste segmento”, observou Paulo Albuquerque. “Temos uma relação histórica e positiva com o mercado árabe na área de defesa”, acrescentou o general Brito.
Nesse sentido, o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e a gerente de Relações Institucionais da entidade, Fernanda Baltazar, falaram aos empresários sobre como fazer negócios com os países árabes, detalharam questões culturais e dados do mercado. “Buscamos em um dos temas de hoje falar das barreiras que vemos com frequência no continente americano e no mundo árabe. Barreiras tecnológicas e culturais. A ideia era mostrar como se comportar diante dessas barreiras”, afirmou Albuquerque. “Precisamos ampliar o conhecimento e estimular as empresas a chegarem neste mercado (o árabe)”, concluiu.
A Abimde tem um convênio de promoção comercial com a Apex-Brasil. Ainda este ano, a entidade vai levar empresas brasileiras para participar das feiras de defesa e segurança Dsei, em Londres, Milipol, em Paris, e Expodefensa, em Bogotá. No primeiro semestre, o Brasil expôs na Idex, mostra do ramo em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e representantes de nações árabes visitaram a Laad Defense & Security, no Rio de Janeiro.
Colaborou Thais Sousa