São Paulo – Os Emirados Árabes Unidos foram o quinto destino mais citado como potencial local para abertura de operação própria nos próximos três anos em uma pesquisa divulgada recentemente pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com CEOs e diretores de empresas do Brasil. O país árabe foi mencionado por 15,6% dos respondentes, ficando atrás apenas de Estados Unidos, Colômbia, México e Argentina.
Além de ser o único fora das Américas entre os cinco mais citados, a preferência aos Emirados superou destinos como China e Alemanha.
O resultado surpreendeu o coordenador de internacionalização da Apex-Brasil, Juarez Leal. “A maioria das empresas começa expandindo para a América Latina e Estados Unidos”, explica o executivo, que diz frequentar os Emirados há mais de dez anos, seja em feiras, seja em missões. Segundo ele, o movimento das empresas do setor alimentício, em especial, ajuda a explicar esse interesse maior pelo país. “A participação na Gulfood cresce ano a ano”, afirma.
De acordo com a pesquisa, as empresas cogitam, em sua maioria, entrar nos Emirados Árabes por meio de escritório comercial. Também foram citados o estabelecimento de uma distribuidora ou armazém e a busca por franqueados no país árabe.
Leal pondera que o modo que os cidadãos do Oriente Médio conduzem negociações incentiva o investimento em operações locais. “O árabe gosta de relacionamento mais próximo, de conversa olho no olho. Por isso é importante ter representação local”, explica.
A pesquisa foi respondida por 229 tomadores de decisão de empresas – das quais 62% são de grande porte e 20% de médio porte. Todas já exportam atualmente e 64% delas já possuem escritório comercial, armazém, unidade produtiva ou outro tipo de operação em outros países.
As empresas estão cientes de que podem encontrar obstáculos nesse passo de internacionalização. Questionados sobre a principal dificuldade nos Emirados Árabes, 76% responderam que é prospectar parceiros. “Nesse ponto os Emirados são mais fechados do que, por exemplo, os Estados Unidos, onde em feiras ou buscas na internet podem ser encontrados potenciais parceiros. Lá eles são mais fechados, exigem um sócio local”, explica Leal.
O coordenador de internacionalização da Apex-Brasil sugere o investimento em zonas francas, como a Jebel Ali Free Zone, onde a obrigatoriedade de um sócio não existe. A Apex-Brasil possui um escritório na Zona Franca de Dubai.
Outras dificuldades citadas foram o conhecimento da legislação e procedimentos no país (48%), financiamento para operações internacionais (48%) e obter informações sobre o mercado local (33%), entre outras.
Leal pondera que, como a pesquisa indica um processo imaginado para daqui a três anos, os Emirados aparecem como uma tendência para as empresas brasileiras no médio prazo. “Muitos empresários veem Dubai inclusive como um hub para alcançar outros mercados do Oriente Médio”, explica o executivo.