São Paulo – Empresas do Pará aderiram ao projeto Halal do Brasil esta semana após evento “Como o halal impulsionará a internacionalização de sua marca”, realizado em Belém pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
A Fitobel vende mel e produtos à base de mel, a Bellamazon Açaí vende o açaí em polpa, açaí liofilizado em pó, mix de açaí e outros produtos prontos para consumo, e a Apeú Polpas vende açaí e polpas de frutas típicas da região Norte do País. Outras empresas do estado também estão interessadas no projeto que irá facilitar a entrada de produtos brasileiros no mercado muçulmano por meio de ações de capacitação, promoção comercial e apoio para certificação.
A gerente de Projetos de Internacionalização da Câmara Árabe, Fernanda Dantas, esteve em Belém com agenda de visitas a empresas na segunda (26) e na quarta-feira (28), acompanhada de equipe da instituição e da ApexBrasil. O workshop ocorreu na terça-feira (27) e cerca de 50 representantes de empresas participaram. “Estava bem cheio”, contou Fernanda.
Para aderir ao projeto basta ter interesse e preencher um termo de adesão. A partir desse momento a empresa pode participar das ações de promoção comercial e se candidatar a ter apoio para obter a certificação halal. Fernanda frisou que o apoio para a certificação só é válido para a primeira habilitação. Empresas que já possuem certificação ou que buscam renovação podem participar do projeto, mas não receberão apoio financeiro para a certificação. “Um frigorífico já tem a certificação e tem muito interesse em participar porque exporta aleatoriamente, e quer exportar mais”, exemplificou a gerente.
O diretor e proprietário da Bellamazon, Francisco Ferreira, contou que já exportou um contêiner para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ele também envia produtos para a China, Estados Unidos e Canadá, mas a participação da empresa no mercado internacional ainda é pequena, segundo avaliação de Ferreira. No mercado nacional, a Bellamazon fornece principalmente para o Rio de Janeiro.
A empresa foi fundada em 2002 por Ferreira, que é ribeirinho, e hoje produz 100 toneladas por dia em cada safra na fábrica em Marituba, perto de Belém. O diretor contou que está construindo nova fábrica em Abaetetuba, sua cidade natal, que terá capacidade de produzir 200 toneladas de açaí por dia. “Temos uma plantação orgânica de 1000 hectares de área cultivada no Pará e outros 760 hectares no Amazonas, então temos açaí o ano todo”, contou.
Ele afirma que a companhia está estruturada para atender o mundo todo. “Eu quero o certificado halal para poder aumentar minhas vendas, o objetivo principal é esse”, disse Ferreira, otimista.
Raimundo Vogado, sócio-proprietário da Fitobel, contou que os meles que produz são de dois tipos, o da abelha nativa, sem ferrão, e o da abelha africanizada, com ferrão, que é aquele com sabor mais conhecido, mais familiar. São cerca de 25 produtos entre mel puro e compostos como mel com própolis, mel com copaíba, entre outros. A fábrica fica em Belém. “Estamos prontos para exportar”, declarou Vogado à ANBA. A companhia está em processo de internacionalização há dois anos.
O proprietário afirmou que quer o certificado halal para vender para os países árabes, já que se trata de um mercado de alta renda. Vogado sabe que os árabes utilizam muito o mel em seus doces, e conta que o Pará tem influência árabe, principalmente libanesa.
O projeto Halal do Brasil tem três fases: a capacitação, em que as empresas ainda não certificadas recebem informações e são sensibilizadas sobre o halal; o treinamento para companhias interessadas em receber o selo halal e a promoção comercial, com participação em feiras e em missões internacionais.
O intuito do projeto é aumentar a participação brasileira no mercado formado por muçulmanos, principalmente de alimentos com valor agregado. O investimento do projeto será de R$ 15,4 milhões para inserir 500 companhias brasileiras nesse mercado em até 30 meses.
O workshop foi realizado pelo Projeto Halal do Brasil, com promoção da Câmara Árabe, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Governo Federal, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e o Centro Internacional de Negócios do Pará (CIN).