Dubai – Como driblar o crescimento do protecionismo nas economias foi a discussão de um dos painéis desta segunda-feira (08) no Annual Investment Meeting (AIM), conferência sobre investimentos estrangeiros diretos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O painel “Combatendo o aumento global das políticas protecionistas para o crescimento sustentável” reuniu nomes como Amal Mohamed El Malla (foto acima), chefe do escritório para Países Árabes do Centro de Comércio Internacional (ITC, na sigla em inglês). Em entrevista à ANBA, ela explicou que as próprias empresas devem fazer o caminho inverso do protecionismo governamental, buscando mais mercados e os fluxos de IED. “Isso poderia soar muito otimista, mas eu quero dizer que as empresas sabem o que querem, fazem o dever de casa, e fazem estudos de viabilidade como investidoras, como comerciantes e como exportadoras. Então, é sobre uma teoria para sobreviventes, para sobreviver você precisa para competir. E aqueles que sobrevivem nesse mercado lotado do IED precisam ser relevantes, e ser relevante significa ser competitivo”, afirmou.
Ela destaca que os governos tendem a adotar o protecionismo, mas eles têm que se adaptar ao processo de globalização, ainda que a mudança seja gradual. “Algumas companhias e organizações transferem conhecimento aos países para que eles tenham boas práticas, mas elas não são adotadas pelos governos. E isso (a transferência de conhecimento) deve ter uma abordagem ‘bottom-up’ (de baixo para cima)”, declarou Malla, afirma sobre a estratégia que busca estimular a inovação e o capital intelectual partindo do indivíduo para a empresa e da empresa para o governo.
Malla vê o Brasil como uma economia emergente importante e acredita que o movimento de abertura deve seguir acontecendo de forma natural em economias como a brasileira. “O Brasil também deve considerar estar nessa nova era de desenvolvimento, que eu vejo como natural, orgânica, da economia local e global”, afirmou ela.
Também presente no debate, Fatima Al Arabi, fundadora e CEO da ALAF Capital AS, acredita que protecionismo não é solução. “Na verdade, você tenta corrigir um erro fazendo outro. E o erro, para mim, é estar às voltas com teorias enquanto todos estão defendendo a globalização, e ignorar grandes economias”, ponderou ela, lembrando de importantes companhias de países desenvolvidos, como Facebook, Amazon e Netflix, plataformas que estão competindo em diversos países.
“Todos nós concordamos que o comércio é importante. O que não concordamos é sobre os benefícios dele. Como dividir isso? Há tensões entre países porque os governos não contribuíram para garantir que os benefícios daquela atividade vão ser distribuídos para todos os setores da sociedade. Algumas pessoas saem perdendo. Pensamos que políticos têm soluções para os problemas, mas alguns deles são o problema”, afirmou Yonov Frederick Agah, vice diretor-general da Organização Mundial do Comércio (OMC), também presente na mesa.
Agah afirma que é preciso saber quais os custos da não distribuição dos benefícios, que resulta em perda de competitividade. “Nós precisamos olhar de duas perspectivas: o que os governos precisam fazer? E, como agentes do mercado, vocês precisam buscar os governos para ter discussões sobre isso. Pensem que essas questões afetam suas vidas, não a política de comércio”, concluiu Agah para a plateia de investidores presentes.