São Paulo – O secretário-geral do Fórum Internacional de Credenciamento Halal (IHAF, na sigla em inglês), Mohamed Saleh Badri, disse que está otimista quanto à unificação das certificações halal no Brasil, o que fará com que o País aumente exponencialmente os negócios com o mundo muçulmano. Badri participou de seminário sobre Economia Islâmica promovido na manhã desta segunda-feira (22) pelo Centro de Economia e Desenvolvimento Islâmico de Dubai (DIEDC, em inglês), na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
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Para ele, este é um movimento necessário em todo o mundo, pois cada país hoje segue um procedimento diferente, gerando altos custos e muita burocracia. Com a unificação, todo o processo seria facilitado. A certificação halal garante que determinado produto é permitido para o consumo de muçulmanos.
“Estamos negociando com o Inmetro para fazer parte do IHAF há dois anos; faremos reuniões com eles hoje (22) e amanhã (23), e estou muito otimista que fecharemos um acordo e que o órgão governamental atue fortemente no processo de unificação das certificações”, disse Badri, referindo-se ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
Segundo ele, o Inmetro já tem uma boa estrutura e só precisaria ajustar alguns procedimentos e contratar pessoal especializado na área para poder credenciar as certificadoras e unificar os processos. Isso, segundo Badri, aumentará a produtividade do Brasil, com maior oferta de produtos a preços mais acessíveis.
Badri informou também que o mercado halal é o que mais cresce no mundo hoje, somando 1,7 bilhão de pessoas, e que é muito mais do que carne e frango. "Agora as pessoas sabem que halal abrange diversos setores, como farmacêuticos, cosméticos, turismo, alimentos, orgânicos, entre outros; inclusive o halal orgânico é um mercado crescente em todo o mundo e um grande potencial para o Brasil", completou Badri.
Segundo projeções do IHAF, o consumo muçulmano de comida somou US$ 1,245 trilhão em 2016, e tem estimativa de alcançar US$ 1,93 trilhão em 2022, ou 18,7% do mercado mundial; no setor farmacêutico, os muçulmanos gastaram US$ 78 bilhões em 2015, e estimam atingir a marca de US$ 132 bilhões em 2021; na indústria de cosméticos foram gastos US$ 57 bilhões em 2016, com previsão para US$ 82 bilhões em 2022; e com turismo, os islâmicos geraram uma receita de US$ 169 bilhões em 2016, com estimativa para US$ 283 bi em 2022.
No painel, participaram também o diretor-geral adjunto da Dubai Exports, Mohammed Al Kamali, o conselheiro da Autoridade da Zona Franca do Aeroporto de Dubai (Dafza), Abdur Ghulam Nabi, o diretor-geral adjunto de Estratégia e Planejamento do DIEDC, Saeed Al Marri, e o diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby.
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No seminário, Al Kamali comentou que "as empresas brasileiras são muito fortes e alimentam o País, mas são muito tímidas quanto ao mercado internacional, e queremos trabalhar juntos para mudar isso".
Segundo Alaby, “as empresas brasileiras não estão acostumadas a buscar o mercado externo, mas a Câmara vem desempenhando um papel fundamental para aproximar e aumentar a presença do Brasil no mercado árabe, com a participação em feiras, missões e uma série de atividades.
A apresentações inicial e final foram feitas pelo presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun. O presidente apresentou as ações da Câmara para 2018 e disse que o seminário foi importante para trazer à tona discussões tão relevantes sobre o mercado halal.
“O papel da câmara é de mediação desses encontros (entre o IHAF e o Inmetro, no caso) e de promoção do mercado halal no Brasil; também vamos abrir um escritório em Dubai para atender as necessidades das empresas brasileiras nos Emirados”, informou Hannun.