São Paulo – O setor de eventos e entretenimentos halal ainda é um mercado inexplorado, segundo Eduardo Mielke, membro consultivo do Conselho Nacional de Turismo da Confederação Nacional de Comércio e diretor de operações da CMR Hiklub – Connecting Experiences e da Mielke Treinamentos & Estratégia. O executivo falou no painel “Halal e novos nichos de mercado (turismo e moda)”, nesta quarta-feira (08), último dia do fórum de negócios Global Halal Brazil.
Para ele, ainda se fala muito pouco de eventos. “Um dos grandes motores do turismo são os eventos. E não só feiras de negócios, mas também os que são ligados a entretenimento. Festivais de música, culturais, internacionais, que são a grande porta de entrada para esses mercados. Pouco exploramos os eventos que acontecem na América Latina. E até no contexto de Oriente Médio existe mercado [halal] de eventos inexplorado”, avaliou o Mielke.
Outro caminho apontado pelo diretor é mapear as preferências dos consumidores em diferentes países árabes e de maioria islâmica. “O público difere muito entre árabes muçulmanos e árabes não muçulmanos. E esses gostos ainda não são mapeados. O turismo ainda tem muito o que percorrer para avançar no entendimento dessa demanda e oferta”, declarou. Como exemplo, o empresário citou o consumo de turismo de luxo pelos sauditas.
No país do Golfo, porém, ainda não há grande oferta dos destinos como o Brasil. “Eles não entendem América Latina ainda como um destino. Falta as operadoras do turismo de lá terem contato com as operadoras daqui. A Câmara Árabe está de parabéns em instigar a ligação desses dois mercados, que mal se conhecem”, concluiu. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira promoveu o fórum juntamente com o braço de certificação halal da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, a Fambras Halal.
Muslim Friendly
Dentro do turismo halal, outro termo vem ganhando espaço, o chamado ‘muslim friendly’. “Existem os hotéis halal e os muslim friendly, mas quais requisitos para um hotel receber turistas muçulmanos?”, questionou a moderadora do evento, Elaine Franco de Carvalho, coordenadora de Qualidade na Fambras Halal.
Na visão da diretora da Escuela Halal, da Espanha, Barbara Ruiz Bejarano, a principal diferença entre um hotel halal e um muslim friendly é que o primeiro atende 100% as demandas do público muçulmano, enquanto o segundo sinaliza que apenas algumas alternativas são halal. “Descobrimos que para muitos operadores, isso [se tornar halal] precisa ser um processo gradual. É melhor que os turistas tenham alguma alternativa do que não ter nenhuma. O muslim friendly é uma ideia nova ainda”, explicou ela.
A inclusão de processos halal deve beneficiar os consumidores de forma geral, acredita Soumaya Hamdi, diretora administrativa da Halal Travel Guide. “O turismo halal traz uma oportunidade para olharmos holisticamente para o que é oferecido. Nossa forma de implementar isso na prática é criar parcerias com empresas locais, para que eles também possam se beneficiar com a visita dos turistas. E aí não só se tem uma experiência melhor, mas que traz mais dinheiro para a economia local e não prejudica o destino. Esse tipo de turismo é relevante para todos, estejam interessados em atrair muçulmanos, ou preservar e trazer mais estratégia ao setor”, afirmou a diretora.
O fórum Global Halal Brazil ocorreu de segunda-feira (06) a quarta-feira (08) de forma híbrida, com patrocínio da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), BRF, Pantanal Trading, Portonave e Iceport. A parte presencial foi oferecida a grupo de convidados no hotel Renaissance, na capital paulista.
Acompanhe a cobertura completa do fórum:
Seção Fórum de Negócios Global Halal Brazil
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