Isaura Daniel
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São Paulo – A indústria de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos do Brasil deve aumentar em 35% as suas vendas para o mercado árabe neste ano. A previsão é do ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria, Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Djalma Luiz Rodrigues, que entregou o seu cargo ontem (10) para o empresário Franco Pallamolla. Rodrigues ficará na vice-presidência da entidade para cuidar da área de exportações. De acordo com ele, o mercado árabe terá destaque nas vendas internacionais do setor em 2007.
No ano passado, os países árabes já responderam por cerca de 30% das exportações do setor, que alcançaram US$ 441,8 milhões. Os países da região que mais compram equipamentos do Brasil, segundo Rodrigues, são Arábia Saudita, Jordânia, Líbano e Síria. Neste ano as vendas para a região devem crescer acima do aumento que o setor espera para as exportações como um todo, que é de 15% a 20%. "Temos com os árabes um relacionamento de vários anos e também temos preço e tecnologia dentro das necessidades deles", afirma Rodrigues. A Abimo organizou, no começo deste ano, a participação de empresas brasileiras na Arab Health, feira do setor em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Além do mundo árabe, também América Latina e Estados Unidos devem ter destaque nas exportações do setor em 2007, segundo Rodrigues. O mercado norte-americano, de acordo com o vice-presidente, normalmente compra os produtos brasileiros para distribuí-los em outros mercados. A meta da indústria, porém, é fornecer para os próprios hospitais e dentistas dos Estados Unidos. A indústria de equipamentos médicos, hospitalares, odontológicos e para laboratórios brasileira exporta para mais de 100 países. Os produtos nacionais de maior sucesso no exterior são os odontológicos, implantes de silicone, implantes ortopédicos, aparelhos para neonatologia e anestesia, respiradores e ventiladores.
Mais tecnologia
O setor deve aumentar, nos próximos meses, a sua corrida pelo aperfeiçoamento tecnológico. Essa será, segundo o novo presidente da Abimo, uma das principais metas da sua gestão. Além de Pallamolla assumir a presidência da Abimo, também Paulo Takaoka entregou ontem a presidência do Sindicato da Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares do Estado de São Paulo (Sinaemo) para o empresário Ruy Salvari Baumer. A Abimo firmou, no final do ano passado, um convênio com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi) para fazer um mapeamento das rotas tecnológicas do setor nos próximos cinco anos.
Na prática, profissionais especializados vão fazer um levantamento dos produtos desta área que o Brasil mais importa, verificar a tecnologia que eles carregam e detectar em que patamar tecnológico estarão estes produtos dentro de cinco a dez anos. A idéia é que esses equipamentos sejam desenvolvidos pela academia brasileira e depois passem para produção na indústria nacional. A Abdi, que é ligada ao governo, e a Abimo estão investindo R$ 1 milhão na iniciativa. Os projetos industriais terão financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo Pallamolla. "O nosso setor foi considerado estratégico pelo governo", diz o novo presidente da Abimo.
No Brasil
Além de aumentar as exportações, a idéia é que os produtos sejam mais consumidos dentro do país e substituam parte das importações. O setor quer que o governo destine um percentual de seus pedidos de equipamentos para hospitais públicos às indústrias nacionais. Isso é feito em outros países, segundo Pallamolla, como México, onde os produtos comprados pelo governo são 100% nacionais. No Chile o percentual é de 30% e na Argentina, 14%. A medida, segundo novo presidente da Abimo, incentivaria também os investimentos estrangeiros no segmento. Apenas 8% do capital do setor é de fora do país.
O segmento defende, segundo Baumer, também um reaparelhamento dos hospitais no Brasil. Um projeto neste sentido está sendo elaborado pelo setor juntamente com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para ser apresentado ao governo brasileiro. As indústrias da área faturaram ao redor de US$ 6,5 bilhões e geraram 35 mil novos empregos no ano passado. No balanço da sua gestão, durante uma coletiva de imprensa, Rodrigues lembrou que, em 1999, quando assumiu a entidade, a receita do setor era de US$ 2,9 bilhões e os empregos anuais gerados de 28 mil.
Novos líderes
O novo presidente da Abimo, Franco Pallamolla, é presidente do grupo de empresas Lifemed. Gaúcho, ele é formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e já atuava como diretor conselheiro da entidade. Também fazia parte do corpo diretivo do Sinaemo.
O novo presidente do Sinaemo, Ruy Baumer, foi diretor secretário do sindicato, é conselheiro da Fiesp e diretor presidente da Baumer S/A. Ele é formado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC).