São Paulo – A próxima parada do secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, é Erbil, capital do Curdistão Iraquiano. A região, localizada no norte do Iraque, é considerada um local turístico, com mais de 1,3 mil sítios arqueológicos, museus, montanhas e resorts. “É uma região turística muito bonita, cheia de montanhas, que está aberta para receber investimentos em diversos setores, principalmente em infraestrutura e obras públicas”, afirmou Alaby, que, em outubro, vai pela terceira vez à região.
O objetivo da viagem é participar da 6ª Feira Internacional de Erbil, que será realizada do dia 18 ao 21 do próximo mês. O evento terá um estande brasileiro com 18 metros quadrados organizado pela Embaixada do Brasil no Iraque com apoio da Câmara Árabe. Até o momento, três empresas estão inscritas para expor: Fiasini Móveis, Móveis Vila Rica e Fanem, fabricante de equipamentos médicos e hospitalares. Essa vai ser a primeira vez que o Itamaraty e a Câmara Árabe participam do evento.
Com uma população de 4,7 milhões de pessoas, o Curdistão é formado por três cidades principais: Erbil, com 1,7 milhão de pessoas; Suleimaniah, com 1,8 milhão; e Dohuk, com 1,17 milhão. No passado, a maioria das famílias na região vivia da criação de animais, principalmente de ovelhas e cabras, mas atualmente, com o desenvolvimento econômico, grande parte trabalha no governo, na indústria da construção e no comércio.
De acordo com informações do site do governo do Curdistão, com uma população jovem crescente, composta por 36% de crianças de 0 a 14 anos e apenas 4% com mais de 63 anos, a região precisa de investimentos. Para isso, em 2006, o Curdistão aprovou uma lei e a criação de um conselho de investimentos para administrar e promover investimentos estrangeiros. A lei, segundo o site, é uma das mais receptivas do Oriente Médio a investidores externos.
Os setores mais atrativos são a indústria de transformação, energia elétrica, agricultura, turismo, saúde, meio ambiente, ciência e tecnologia, telecomunicações, infraestrutura e educação.
Segundo Alaby, a oportunidade de diversificar as exportações brasileiras para o Iraque e conhecer as necessidades do país está na participação da feira de Erbil. “Hoje o Iraque é tradicional comprador de carne, frango e açúcar [do Brasil]”, disse o secretário-geral.
De acordo com ele, é importante levar empresas de diferentes setores para a feira. “Erbil é completamente diferente de Bagdá, é um lugar seguro, que as empresas podem conhecer”, afirmou. Alaby, que já participou de dois eventos de negócios em Suleimaniah nos últimos dois anos, disse que o Curdistão depende muito de produtos vindos do Irã e da Turquia.
Segundo informações do site da feira, o governo iraquiano tem um plano de investimentos de US$ 70 bilhões para diversos setores. Para a construção de moradias serão destinados US$ 25 bilhões; agricultura, US 17,8 bilhões; e transporte, US$ 8 bilhões. O evento, que é multissetorial, atrai empresas de diversos países.
Autonomia
O Curdistão é uma região autônoma do Iraque, que faz fronteiras com a Síria, Irã e Turquia. A constituição iraquiana reconhece democraticamente o governo e o parlamento da região. Nos últimos três anos, o Curdistão atraiu mais de US$ 12 bilhões em investimentos locais e estrangeiros em setores não petrolíferos, como agricultura, bancos e construção de moradias, segundo dados do site do governo regional.
De agosto de 2006 até este ano, as companhias estrangeiras investiram cerca de US$ 3 bilhões no Curdistão, sendo que os maiores recursos foram do Kuwait e Líbano. Os investimentos das companhias iraquianas foram de US$ 8,7 bilhões nos últimos anos.
No setor petrolífero, o Curdistão produz atualmente 100 mil barris por dia e, segundo o ministro de Recursos Naturais, Ashti Hawrami, afirmou em uma conferência em Londres, em junho, a produção pode dobrar para 200 mil barris por dia em 2011, caso se concretizem os acordos de petróleo entre o Curdistão e Bagdá.
Segundo o site, existem 1,2 mil empresas estrangeiras trabalhando no Curdistão, entre elas o banco Byblos, do Líbano, National Real Estate, do Kuwait, Coca-Cola, Pepsi Cola, o grupo hoteleiro Rotana, de Abu Dhabi, entre outras.