São Paulo – A produção literária de mulheres brasileiras e árabes será um dos temas abordados no 4º Encontro Mundial de Escritores Brasileiros no Exterior, que ocorre na cidade alemã de Erlangen de 12 a 15 deste mês. O brasileiro Roberto Khatlab, diretor do Centro de Estudos e Culturas da América Latina (Cecal) da Universidade Saint-Esprit de Kaslik (Usek), do Líbano, único representante do Oriente Médio no evento, falará sobre o assunto.
No dia 14, Khatlab participa do painel ‘Reflexões sobre a feminização da literatura brasileira no exterior’. “Este é o quarto encontro que fazemos. Notamos que 70% dos escritores [brasileiros] no exterior são mulheres. São brasileiras que casaram no exterior ou que estavam estudando e que em determinado momento começaram a escrever e a ter seus trabalhos publicados”, aponta o professor.
Segundo ele, há autoras que escrevem em português e outras que fazem seus trabalhos na língua do país em que moram. Khatlab explica que entre os temas dos livros há muitos romances, mas a educação, com foco nos livros de histórias infantis, também é uma temática recorrente do trabalho destas autoras brasileiras. “Isso ajuda muito as famílias no exterior a fazer com que as crianças mantenham contato com livros brasileiros. Há uma preocupação de que estas crianças não percam o contato com a língua portuguesa”, destaca.
No dia 15, o professor da Usek ministra a palestra ‘As mulheres escritoras no Líbano’. Na apresentação, Khatlab irá falar sobre o trabalho das escritoras libanesas, que passou a ganhar destaque a partir dos anos 1920. “Elas se destacaram com temas como o direito à liberdade de expressão”, ressalta.
De acordo com o professor, a autora mais antiga de que se tem notícia é a princesa Enheduana, que viveu no século 22 a.C, no que hoje corresponde ao Iraque. Ele diz que são dela os primeiros textos assinados por uma mulher e que foram produzidos na escrita cuneiforme. A escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos sumérios por volta de 3,5 mil anos a.C.
Já no século 20, Khatlab destaca o trabalho da libanesa Maiy Ziade. “Ela lutou pelo direito das mulheres na sociedade, morou no Egito e foi amiga de Gibran Khalil Gibran. Ela deu base para outras mulheres começarem a escrever e a se expressarem”, conta. O professor também falará sobre outras escritoras libaneses que emigraram para a Europa e, com o contato com as mulheres ocidentais, passaram a ter mais abertura na literatura e também em outras áreas da sociedade.
Na palestra, Khatlab também irá falar sobre o trabalho de duas brasileiras contemporâneas que lançaram trabalhos na internet em português no Líbano, Shadia Kobeisse, que criou a Gazeta de Beirute, atualmente fora de funcionamento, e Viviane Carvalho, que escreve e edita a revista eletrônica Connection Beirut e já foi tema de matéria da ANBA. Entre as libanesas atuais, ele destaca o trabalho de Joumana Haddad e de Huda Barakat.
O 4º Encontro Mundial de Escritores Brasileiros no Exterior irá ocorrer na Friedrich-Alexander Universität Erlangen-Nürnberg. A coordenação do evento é das brasileiras Else Vieira e Jamile Staniek. O evento conta com o apoio do Centro Universitário da Baviera para a América Latina da universidade alemã, será aberto ao público e contará com a participação de estudantes alemães que falam português. Todo o evento será apresentado em português.
Serviço
4º Encontro Mundial de Escritores Brasileiros no Exterior
Local: Friedrich-Alexander Universität Erlangen-Nürnberg
Kollegienhaus, Universitätsstr. 15, 91054 Erlangen, Senatssaal, 1º andar
Abertura 12 de outubro, às 18h
Dias 13 e 14, programação ocorre das 09h às 17h
Dia 15, programação das 09h às 15h
O painel ‘Reflexões sobre a feminização da literatura brasileira no exterior’ ocorre dia 14, às 15h. A palestra ‘As mulheres escritoras no Líbano’ será realizada dia 15, às 13h30.