São Paulo – Os traços da imigração árabe no estado do Piauí vão estar em evidência no espetáculo “Nós do Piauí“, que estreia na quarta-feira (25). Na data, é comemorado o Dia Internacional da Dança Árabe, linguagem que o espetáculo vai usar junto com a música para contar a influência dessa cultura no estado.
O idealizador e diretor do espetáculo, Noé Filho, explica que o objetivo é mostrar a história da imigração árabe para os próprios piauienses. “Eles não sabem muito sobre isso. O pessoal se assusta um pouco quando explicamos. Queremos contar um pouco dessa história para que as pessoas conheçam e se interessem mais”, disse à ANBA. Noé faz parte do coletivo de artistas em prol da cultura piauiense Geleia Total, realizador da peça.
Sanfona nordestina e dança árabe
A peça apresenta dois elementos protagonistas: a sanfona e a dança árabe. Somados, eles resultam nos nós que formam o Piauí. “Vamos focar na estética árabe, o cenário e a dança. A banda vai acompanhar e vai ter o maestro com a sanfona. A ideia é usar a sanfona como elo da cultura árabe como o estereótipo do que é nordestino. Também é um instrumento que dá muita possibilidade de coreografia”, explica Noé.
A coreógrafa do show é a própria bailarina que subirá ao palco: Izabell Lins (foto acima), referência em dança árabe no Piauí. Já a sanfona é tocada pelo maestro da Orquestra Sanfônica de Teresina, Ivan Silva. O repertório é composto por músicas piauienses, mas ganhou novos arranjos para trazer a sonoridade árabe. Na banda, um dos instrumentos de percussão é o derbak, de origem árabe.
O espetáculo se desenrola entre músicas e encenações. Para ligar os pontos, a narradora das histórias é também a cantora da peça, Gislene Danielle. “Ela vai falar um pouco de aspectos da história, natureza e arte do Piauí. Vai ser um personagem sempre costurando os elementos”, afirmou Noé.
Para criar a peça, o diretor se debruçou em pesquisas e obras como “Da pátria à Casa”, de Marcos Vilhena, mestre em História pela Universidade Federal do Piauí. A obra faz um panorama do processo árabe de imigração no Brasil e depois como eles chegaram ao Piauí. Com ela, Noé chegou a histórias nordestinas moldadas pela cultura árabe que dão o tom da poesia e musicalidade da peça. “O cordel tem influência árabe e europeia, e o aboio – sistema de comunicação dos vaqueiros no sertão – surgiu porque os árabes quando vieram ao Brasil, vieram muito ligados ao comércio, viajavam muito como caixeiros viajantes. Usavam cânticos para se comunicar e, nisso, surgiu o aboio. No sertão é muito utilizado”, afirmou.
Ele encontrou influências também na arquitetura, culinária e, principalmente, no comércio. “Aqui no Piauí tem duas cidades que se destacam, Teresina e Floriano, onde os árabes chegaram antes. Lá [em Floriano], o normal para eles é comer comida árabe. E como eles chegaram bem na formação da cidade, sempre tem eventos grandes comemorativos, como o da chegada deles em Floriano. Em Teresina, os árabes ajudaram a formar o comércio local. Eles organizaram a economia da região. São coisas importantes da nossa história”, lembra.
A ideia do diretor é, além da data inicial, fazer uma temporada do espetáculo. “Queremos muito viajar pelo interior do Piauí. Tem a dificuldade por ser um espetáculo muito grande. Só entre bailarinos e músicos, são 20 pessoas, fora as pessoas da produção. Mas pelo menos para Floriano vamos tentar fazer o esforço”, declara.
Serviço
Espetáculo “Nós do Piauí”
Duas sessões, às 18h e às 19h30
Dia 25 de setembro
Teatro do Boi – Rua Rui Barbosa, 339 – Matadouro – Teresina
Valor: R$30 (inteira) / R$15 (meia)
Ingressos aqui
Mais informações: (86) 998026952 / E-mail: geleiatotal@gmail.com