Alexandre Rocha
São Paulo – O estado do Espírito Santo quer fechar um convênio com a Escola Superior de Comércio da Argélia (École Supérieure de Commerce d’Argel), uma instituição pública, para promover um intercâmbio de educação para o comércio entre brasileiros e argelinos.
A idéia partiu do subsecretário de Indústria e Serviços do governo capixaba, Almir Bressan Júnior, que participou da missão brasileira ao país do Norte da África no início de setembro, comandada pela ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff.
Bressan contou que na viagem conversou com o diretor da escola, Sebboya Abdelaziz, que recebeu “super bem” a idéia e demonstrou interesse em avançar no assunto. O subsecretário disse que resolveu visitar a instituição quando fazia um tour de “reconhecimento” da cidade de Argel e pediu para a embaixada brasileira intermediar um encontro.
“Ao voltar ao Brasil, entrei em contato com uma faculdade particular aqui do Espírito Santo e apresentei a idéia de formar uma turma e trabalhar as relações entre os dois países. Sinto que na Argélia há esta necessidade de se formar pessoas para o mercado internacional, pois agora é que a economia do país está se abrindo”, afirmou ele. A faculdade em questão é a Faesa (Faculdades Integradas Espírito-Santenses).
Por outro lado, Bressan acha que os profissionais brasileiros também precisam aprender sobre um mercado até agora pouco explorado. No Brasil, segundo ele, os catálogos e materiais de exposição são confeccionados em português, inglês e espanhol, e ignoram o francês, língua falada na Argélia, além do árabe.
O intercâmbio começaria com uma espécie de ensino à distância e evoluiria para o aprendizado in loco. “O objetivo é formar traders mais voltados para os hábitos culturais e comerciais dos dois países”, afirmou Bressan, acrescentando que também enviou a proposta ao Itamaraty, na esperança de que o órgão possa oferecer sugestões, apoio e até bolsas de estudo.
“O intercâmbio se justifica porque a Argélia é um mercado em seu início e qualquer fatia dele interessa”, disse o subsecretário. Agora ele espera por uma resposta da Faesa e da diplomacia brasileira para poder encaminhar uma proposta formal ao diretor da escola argelina.
Prospecção
Além do contato com a escola de comércio, Bressan declarou que a viagem foi “interessante” porque teve a oportunidade de mostrar os produtos do estado. “O Espírito Santo tem poucas relações comerciais com a Argélia, então o governo promoveu a minha ida, que foi bem interessante, porque pude mostrar mercadorias novas para eles”, disse o subsecretário.
Um desses novos produtos é o mamão papaya. Segundo informações do próprio governo capixaba, o estado é o segundo maior produtor da fruta no país. Além disso, ele levou catálogos de mercadorias como os chocolates Garoto, rochas ornamentais (granito e mármore), aço, móveis, produtos da indústria metal-mecânica, da indústria têxtil e de cosméticos.
De acordo com Bressan, os argelinos mostraram interesse maior pelos chocolates e pelos vergalhões da siderúrgica Belgo-Mineira, além de outros materiais usados na construção civil.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as vendas do Espírito Santo para o exterior somaram US$ 2,243 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, um aumento de 42,49% em relação ao mesmo período de 2002.
Segundo Bressan, empresas “âncoras” como a Siderúrgica Tubarão, a Vale do Rio Doce e a Aracruz Celulose são as principais responsáveis pelo aumento nas exportações do estado. Em 2002 os principais compradores do estado foram, em ordem crescente: Estados Unidos, Coréia, Itália, Canadá, Bélgica e China. O Egito, primeiro país árabe a aparecer na lista, ficou em 15.º lugar.
De acordo com informações do governo capixaba, o estado é o maior produtor do país de placas de aço, o maior exportador de mármore e granito da América Latina e o segundo maior produtor nacional de café, mamão e chocolates.