Da redação
São Paulo – Com o objetivo de elaborar estudos e pesquisas para viabilizar a exploração econômica dos novos biocombustíveis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança hoje à tarde, em Piracicaba (SP), o Pólo Nacional de Biocombustíveis. A idéia é manter e ampliar a capacidade competitiva do Brasil na produção de energia renovável, por meio de esforços públicos e privados no desenvolvimento de pesquisas e disseminação dos resultados obtidos a partir da cana, além de outros de origem agrícola, nos próximos dez anos.
Piracicaba foi escolhida para abrigar o pólo, entre outros motivos, por sediar a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). O local é um dos principais centros de pesquisa de biocombustíveis do país desde a década de 1950.
De acordo com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, uma das metas do pólo, sob a coordenação da Esalq, é preparar um programa de ação com projetos voltados aos interesses do setor produtivo, caracterizados em esforços nos campos de pesquisa e desenvolvimento, com cronogramas físico-financeiros e humanos necessários para um período de dez anos.
Programa plurianual
Além disso, acrescenta ele, o Pólo de Biocombustíveis vai procurar efetivar ações público-privadas, por intermédio de empresas setoriais e de universidades, com fonte de recursos e sistema de seleção de projetos em programa plurianual, com recursos humanos alocados pelas entidades associadas ao programa.
"O Pólo de Biocombustíveis, que terá como principal fonte o álcool obtido da cana, será de extrema importância para a região de Piracicaba, tanto do ponto de vista científico e de pesquisa, como em relação à geração de emprego e renda", destaca o ministro, que também participará da solenidade de lançamento do pólo, que está prevista para as 16 horas de hoje.
Rodrigues disse ainda que o álcool é considerado uma fonte de combustível renovável e menos poluente do que o combustível fóssil.
O Brasil, lembra o ministro, é o maior produtor mundial de álcool e de açúcar, e o estado de São Paulo responde por 60% da produção nacional. No período 2002/03, Piracicaba produziu 15,5% do total da safra de cana paulista.
Também caberá ao Pólo de Biocombustíveis criar e operar a infra-estrutura necessária ao suporte e ao desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas no campo da agricultura energética, com ênfase na cana-de-açúcar e seus derivados, tanto na fase agrícola como na relativa ao processamento de produtos e subprodutos.
Matéria-prima
Segundo Miguel Dabdoub, pesquisador da USP de Ribeirão Preto, existe matéria-prima para novos combustíveis em todas as regiões do país. "No Nordeste, é possível se utilizar óleos como o de dendê e o de babaçu. Já na região do Cerrado, em Minas Gerais, Tocantins, Goiás e Mato Grosso, é possível a utilização de óleos alternativos, como o de pequi", disse.
Já na opinião do diretor da Esalq, José Roberto Parra, a iniciativa do governo federal é importante, mas não pode ser apenas política.
"Há necessidade de suporte financeiro do governo federal para a implantação do pólo", disse.
A aposta no biocombustível é tanta que o governo do Estado também resolveu criar sua câmara setorial do setor. A idéia é consolidar o uso do combustível no agronegócio paulista. A criação da câmara foi publicada nesta quinta-feira (15) no Diário Oficial do Estado.
O secretário da Agricultura e Abastecimento, Antônio Duarte Nogueira, disse que há possibilidade até mesmo da criação de um financiamentos para a produção de biocombustível.
O presidente da câmara setorial será Miguel Dabdoub, do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas da USP de Ribeirão Preto. Neste laboratório, foi patenteado o processo de produção do biodiesel, combustível feito a partir da cana-de-açúcar.