São Paulo – O Ministério do Meio Ambiente e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apresentaram na tarde desta terça-feira (07), em Brasília, os resultados do estudo "Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional". Feito com dados dos órgãos do governo federal, o relatório mostra a importância das unidades de conservação para o país, não só como garantia de preservação do Meio Ambiente, mas também como fonte de geração de receitas.
O levantamento mostra, por exemplo, que só a produção de madeira em tora das florestas federais e estaduais da Amazônia, proveniente de áreas em que o manejo segue o modelo de concessão florestal, tem potencial de gerar, por ano, entre R$ 1,2 bilhão e R$ 2,2 bilhões. Isso é mais do que se obtém hoje com toda a madeira nativa extraída no Brasil.
Esta etapa do levantamento considera quanto podem gerar cinco bens e serviços resultantes das unidades de conservação: produtos florestais, uso público, carbono, água e repartição de receitas tributárias. Em outra etapa do projeto, serão analisados os potenciais em áreas de pesca e de captação de água.
Outra das conclusões do levantamento é que em bacias hidrográficas e mananciais com maior cobertura de florestas, o custo associado ao tratamento da água é menor do que nas áreas com menor cobertura florestal. As áreas de conservação são criadas pelo poder público justamente para proteger recursos naturais importantes e não são intocáveis. Ao contrário, rendem dividendos se bem utilizadas.
O governo federal e os governos estaduais agora sabem desses custos relacionados às unidades de conservação, mas ainda é preciso evoluir. O Brasil é o quarto país do mundo com a maior quantidade de unidades de conservação (tem 1.278.190 km²): está atrás de Estados Unidos (2.607.132 km²), Rússia (1.543.466 km²) e China (1.452.693km²).
Mas é um dos que menos investe nestas unidades de conservação, que deixam, por sua vez, de servir ao benefício da sociedade: enquanto os Estados Unidos investem R$ 156,12 por hectare de unidade de conservação, o Brasil investe R$ 4,43. Enquanto a África do Sul tem um funcionário responsável pela administração de 1.176 hectares protegidos, no Brasil cada funcionário é encarregado da proteção de 18.600 hectares.
De acordo com o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rodrigo Medeiros, um dos méritos deste levantamento é dar ao governo federal e aos governos estaduais números e dimensões que os ajudem a administrar as unidades de conservação. “Agora vamos poder monitorar ano a ano a evolução [dos projetos nas unidades de conservação]”, afirma Medeiros.
Para que as unidades de conservação possam prover produtos e serviços à sociedade, o Ministério do Meio Ambiente estima que sejam necessários R$ 550 milhões para o sistema federal, R$ 350 milhões para os sistemas estaduais, R$ 600 milhões de investimento em infraestrutura e planejamento no sistema federal e outros R$ 1,2 bilhão nos sistemas estaduais. “Esse investimento é pequeno perto do potencial que as unidades oferecem”, diz Medeiros.
Além do Ministério do Meio Ambiente e do Pnuma, também participaram do lançamento do estudo, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a Embaixada Britânica e a Cooperação Internacional Alemã.

