Da Agência Brasil
Brasília – O embaixador Peter Allgeier, co-presidente americano da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), defendeu hoje que o acordo no hemisfério deve ser abrangente como propôs desde o início os Estados Unidos e incluir todas as áreas: agricultura, serviços, propriedade intelectual, política de concorrência, investimentos, acesso a mercados e bens industriais medidas antidumping e subsídios, solução de controvérsias e compras governamentais.
“Achamos que o acordo deve cobrir as nove áreas que têm feito parte das negociações desde o início”, disse o embaixador. “Além disso deverá ser um acordo multilateral, não uma série de acordos bilaterais”.
Allgeier está no Brasil para participar, em Brasília, do seminário sobre “O Papel dos Legisladores na Alca”, organizado pelo Parlamento Latino-Americano (Parlatino) e pelo Congresso Nacional.
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a decisão dos EUA de não aceitar discutir os subsídios agrícolas “cria evidentes limitações nas negociações” para a Alca.
O embaixador destacou, ainda, que a questão é sensível para o Brasil, mas disse também que inclusão dos temas como regras para investimentos e serviços é uma forma de tornar a Alca consistente com a realidade atual do mundo dos negócios.
Brasil e Estados Unidos, que dividem a presidência da Alca, têm sérias divergências sobre os temas do acordo. Tanto é que o secretário-executivo da Camex, Mário Mugnaini, anunciou, ontem, que a Camex prepara uma reunião extraordinária para discutir a posição do Brasil na Alca.
O encontro terá a participação do presidente Lula e não tem dada marcada, mas deverá ser realizada até o dia 14 de novembro, quando começa o encontro de Miami, nos Estados Unidos para tratar do tema.
Torta na cara
No final do mês de agosto, no Rio de Janeiro, o diplomata americano foi atingido no rosto por uma torta, enquanto participava de um debate sobre o bloco comercial. O autor do manifesto foi um estudante da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ).
O incidente provocou um mal-estar diplomático. O Itamaraty, inclusive, soltou uma nota condenando o manifesto e informando que as negociações sempre foram conduzidas em ambiente de cordialidade.