Alexandre Rocha
São Paulo – Não são só os especuladores de plantão que se beneficiam das indas e vindas da taxa câmbio. Em Itatiba, cidade de 82 mil habitantes a 80 quilômetros de São Paulo, a fábrica de placas de granitos Granibras aumentou suas exportações de 30 mil metros quadrados da rocha em 2002 para 55 mil em 2003. O principal motivo, segundo a direção da empresa, foi a valorização do euro frente ao dólar.
Os principais concorrentes do Brasil no comércio internacional de mármores e granitos são a Itália e a Espanha. Segundo o gerente administrativo e de exportações da Granibras, Paulo Sérgio Gasparini, a valorização do euro fez com que esses países perdessem competitividade, o que permitiu à empresa de Itatiba aumentar sua participação no mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos.
“Nossas vendas aumentaram para os EUA, que consomem 95% de nossas exportações, um pouco para Israel e também para a América Central”, afirmou Gasparini. A companhia exporta também para o Canadá.
Fundada em 1979, a Granibras, de acordo com Gasparini, começou a investir no comércio exterior há cerca de cinco anos. Hoje boa parte da produção da empresa, de 12 mil metros quadrados por mês, é destinada à exportação. “Há baixa demanda no mercado interno”, afirmou o executivo.
Segundo ele, os preços das placas de granito comercializadas pela empresa variam de US$ 30 a 170 o metro quadrado, de acordo com a qualidade da pedra. “O Brasil consegue vender em média a preços 30% mais baixos do que a Itália e a Espanha”, declarou.
As placas produzidas pela Granibras têm em média 2,80 metros de comprimento por 1,70 de largura, variando entre dois e três centímetros de espessura.
Investimentos
O principal investimento da empresa nos últimos anos, de acordo com Gasparini, foi a compra de máquinas italianas de última geração para a fabricação das placas, um aporte de US$ 1 milhão, segundo ele.
Com o aumento nas exportações, a companhia planeja para este ano fazer novo investimento em máquinas e na ampliação da fábrica para aumentar em 30% a produção, e aí tentar entrar em novos mercados, como os da Europa e dos países árabes. O projeto de ampliação deverá estar pronto em seis meses.
Hoje a fábrica de Itatiba está instalada em um terreno de 68 mil metros quadrados e tem 3 mil metros quadrados de área construída. A planta emprega apenas 30 funcionários. “Ela é inteira automatizada”, disse Gasparini. Segundo ele, outros 20 empregados trabalham nas atividades de mineração da empresa na Bahia e no Espírito Santo. O granito não é extraído em Itatiba, apenas beneficiado.
Além do aumento da capacidade produtiva, em 2004 a companhia quer também ampliar sua participação em feiras internacionais do setor. Em 2003 a empresa enviou representantes para eventos em Las Vegas (EUA) e em Verona, na Itália. Este ano ela quer marcar presença também em uma feira em Orlando, na Flórida.
Setor ainda não foi beneficiado
Se a Granibras se beneficiou da valorização do euro, o mesmo não pode ser dito do setor brasileiro de mármores e granitos como um todo. O segmento tem crescido, especialmente nos últimos cinco anos (ver matéria abaixo), mas não é essa a razão, segundo disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Mármores e Granitos (Abiemg), José Gilberto Sibin. “O reflexo da valorização do euro ainda não beneficiou diretamente as exportações brasileiras”, afirmou.
Segundo Sibin, apesar de terem o euro como moeda circulante, a Itália e a Espanha compram e vendem mármores a granitos no mercado internacional em dólar. “O mercado internacional de rochas é muito competitivo, principalmente após a adequação do parque industrial da China”, declarou ele, acrescentando que o país asiático domina hoje 35% do mercado internacional de rochas.
“Pode ser que isso (a valorização do euro) venha a ser um ponto favorável para nós no futuro próximo, até porque a moeda continua em curva ascendente. Tomara que haja esse reflexo positivo para o Brasil nos próximos meses”, concluiu Sibin.
Contato
Granibras
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