Alexandre Rocha
São Paulo – A Semana do Brasil em Dubai (Brazilian Week & Trade Exhibition), que será realizada entre os dias 7 e 9 de dezembro nos Emirados Árabes Unidos, não vai apenas mostrar o que o Brasil tem para oferecer em termos de produtos, mas também as oportunidades de investimentos que existem no país.
O presidente da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), Juan Quirós, disse hoje (10) pela manhã que, durante o evento, haverá um seminário sobre projetos que podem interessar a investidores estrangeiros.
O governo brasileiro tem como estratégia tentar atrair parte dos recursos que empresários árabes tiraram dos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001. Estima-se que este volume pode chegar a US$ 300 bilhões.
“É preciso separar a história dos investimentos árabes em ‘antes do 11 de setembro’, e ‘depois do 11 de setembro’. Eles retiraram recursos não só dos EUA, mas da Europa também, e passaram a investir em mercados emergentes e o Brasil tem o maior potencial, é conhecido no exterior por ter uma estabilidade clara e transparente da economia, caminha na direção da globalização e tem oportunidades de negócios”, afirmou Quirós.
De acordo com ele, esses investimentos poderiam se dar em setores como o de turismo e na própria indústria. “Estamos falando de grandes investidores, que conhecem bem o Brasil, sabem que o país tem uma grande plataforma exportadora”, afirmou. Esses aportes na indústria, segundo Quirós, poderiam ser feitos por meio do desenvolvimento de novas tecnologias e produtos e até pela compra de empresas exportadoras.
Ele ressaltou que o fato do Brasil ter um grande mercado interno, ampliado pelos outros países do Mercosul e da América do Sul, pode ser um grande atrativo.
Novos nichos
O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah, lembrou que os árabes também estão comprando menos dos norte-americanos e as empresas brasileiras têm a oportunidade de abocanhar uma fatia desse mercado.
De acordo com ele, o país já está ocupando novos nichos, anteriormente explorados pelos EUA e pela União Européia, e citou como exemplo as exportações de ônibus, automóveis e alimentos processados para a região.
“Só não ocupamos espaço ainda no setor de aviação. Mas creio que em quatro ou cinco anos poderemos voar em aviões da Embraer por todo o mundo árabe”, declarou Atallah.
Quirós informou que no primeiro semestre de 2004 o governo brasileiro vai realizar um “grande seminário” sobre investimentos e transações comerciais com os países árabes. “Pela primeira vez o governo atua com tanta intensidade na região. Os árabes gostam do Brasil, gostam dos produtos, e dizem que a hora é agora, do Brasil apresentar novos produtos e oportunidades de investimentos”, ressaltou. “Isso se resume em uma palavra: presença”, acrescentou Paulo Atallah.
Investimentos lá
O presidente da CCAB disse ainda que também é perfeitamente possível para as empresas brasileiras investirem nos países árabes. Recentemente, em entrevista à ANBA, o embaixador da Tunísia no Brasil, Hassine Bouzid, disse que seu país está interessado em atrair empresas brasileiras interessadas em produzir lá, e assim, gozar de um acordo de livre comércio que o país do Norte da África tem com a União Européia.
Segundo Atallah, a General Motors do Brasil já está fazendo algo semelhante. A empresa exporta para sua subsidiária no Egito 60% das peças do Astra e do Corsa, que são montados por lá. Os 40% de valor agregado permitem que os carros sejam vendidos como ‘made in Egypt’ para países com os quais o Egito tem acordos comerciais e o Brasil não. De acordo com Atallah, a GM já exportou este ano US$ 33 milhões em autopeças para o Egito, quando no ano passado esse valor ficou em US$ 3 milhões.
“As possibilidades de comércio são boas quando são de mão dupla”, completou Quirós.