São Paulo – Apesar de ter freado o crescimento global, a pandemia do novo coronavírus também acelerou mudanças no modelo econômico em curso, acreditam os executivos que participaram do CEO Talk. O debate virtual ocorreu nesta segunda-feira (19) dentro da programação do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes. Esta é a primeira vez que o evento tem formato online e a discussão contou com Marcos Troyjo, presidente do New Development Bank (NDB) e Emad El-Sewedy (foto acima), CEO da El-Sewedy Electrometer, além da mediação de Riad Younes, vice-presidente de Marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Entre essas mudanças, Younes questionou sobre o fenômeno da desglobalização. “A economia global antes de março de 2020 dava mostras de aquecimento e parecia que estávamos virando uma página da economia mundial. Era possível identificar interesse de grupos por parcerias estratégicas de comércio e investimentos. Quando veio a pandemia o cenário passou a ser de incerteza”, pontuou o executivo da Câmara Árabe.
Segundo Emad El-Sewedy, CEO da El-Sewedy Electrometer, o que acontece atualmente é uma correção do modelo global de comercialização. “Para mim, existe uma nova ordem mundial agora. Atualmente, percebemos que o foco dos países tem a ver com quem está conseguindo adicionar valor para suas nações. Houve uma mudança na questão da globalização. O modelo de negócios foi alterado. Para mim, fica claro que as mudanças vão se concentrar mais nas empresas que agregarão valor em nível local e não apenas a tendência de globalização no qual os países apenas exportariam seus produtos para o exterior”, afirmou ele.
Para El-Sewedy, o olhar voltado para produção local traz oportunidade de crescimento e geração de empregos. “Grandes empresas daqui para a frente se concentrarão não só na exportação de produtos totalmente acabados, mas farão parcerias em diversos mercados nos quais poderão integrar esses produtos localmente. Acredito que veremos criação de emprego e novas parcerias, e que isso está na essência dos acordos bilaterais”, concluiu ele.
Já Marcos Troyjo, lembrou que houve maior participação dos mercados emergentes na composição do Produto Interno Bruto global de 2019. “Houve uma desaceleração bastante grande da economia global, mas no que diz respeito a outras tendências que já vínhamos acompanhando, o caminho pode indicar aceleração. Se criam muitas oportunidades. Uma delas é a participação de países emergentes, como Brasil e outros países dos BRICs e do mundo árabe na fatia do PIB mundial”, afirmou ele sobre os blocos econômicos dos países árabes e o grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O presidente do NDB explicou que esse fenômeno tem contribuído para alterar os fluxos de comércio internacional. “Há algumas rotas comerciais que acentuam essa emergência. Nesses primeiros nove primeiros meses de 2020, o Brasil exportou mais para a Ásia do que para a América do Norte e Europa juntos”, explicou.
O fórum é promovido pela Câmara Árabe com parceria da União das Câmaras Árabes e Liga Árabe. A apresentação é da jornalista e apresentadora Renata Maron.
Acompanhe a cobertura completa do fórum no site da ANBA.