São Paulo – Após uma queda de 18,6% nas exportações de calçados brasileiros no ano passado, e com um primeiro semestre de 2021 ainda cheio de incertezas devido à pandemia, o setor espera que as exportações cresçam 13% este ano. Os dados foram apresentados em evento virtual de análise de cenários realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) nesta quinta-feira (15).
A exportação responde por 14% das vendas e caiu 18,6% em 2020, para 93 milhões de pares, pior número em quase quatro décadas. Já a produção de calçados teve queda de 18,4% em 2020, somando 764 milhões de pares, retornando a patamares de 15 anos atrás.
Em 2021, o setor ensaia uma recuperação, embora deva terminar o ano com níveis produtivos abaixo dos registros pré-pandêmicos de 2019. A análise é da coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck.
Segundo Linck, mesmo crescendo na casa de 12% em 2021, a produção da indústria calçadista deve terminar o ano, no cenário mais otimista, 7% menor do que em 2019. “Devemos ter um primeiro semestre mais difícil, para retomada a partir da segunda parte do ano”, disse.
No primeiro bimestre do ano, a atividade cresceu 1% em relação ao mesmo período do ano passado. “Provavelmente por reposição dos estoques das vendas do final de 2020, já que as vendas internas caíram 20% no mesmo período”, explicou a coordenadora.
Já as exportações, impulsionadas pela desvalorização do real sobre o dólar, devem ter um crescimento de cerca de 13% em 2021. Assim como a produção, as exportações devem encerrar o ano menores do que o registro pré-pandemia, neste caso com cerca de 6% de queda sobre 2019.
No evento, foi ressaltado o papel da crise internacional e brasileira no resultado da indústria calçadista, mais impactada do que a média da Indústria de Transformação, e foi dito que o Brasil deve levar mais tempo para sair da crise, especialmente em comparação com alguns dos seus principais concorrentes no setor calçadista, como a China. O mercado doméstico representa mais de 85% das vendas do segmento, e as atuais taxas de desemprego elevadas e o endividamento das famílias brasileiras dificultam a retomada do consumo.