São Paulo – O balanço do setor automotivo divulgado nesta quarta-feira (07) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê crescimento de 4% a 5% do mercado interno em 2012, sobre os 3,63 milhões de veículos que devem ser comercializados até ao final de 2011.
Por outro lado, as exportações, que cresceram 4,7% de janeiro a novembro deste ano, deverão cair em 2012. Segundo o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros importados deverá aumentar demanda pelos nacionais.
Belini disse que o aumento das exportações neste ano foi provocado pelas compras do mercado latino-americano, em especial da Argentina, que está aquecido. Esta, porém, não deverá ser a realidade de 2012. “As exportações de carros devem cair de 540 mil [previstos para 2011] para 510 mil, ou cerca de 5,5%. O IPI poderá mudar o mix [de vendas]. O produto nacional deverá ocupar a maior parte desse ‘bolo’ [de vendas]. A produção deverá ficar mais no mercado nacional”, disse Belini.
Para o presidente da Anfavea, mesmo com a crise na Europa o Brasil poderá ter crescimento nas vendas em 2012. Isso graças ao potencial de consumo do País e a políticas governamentais. “O governo tenta deixar o mercado interno mais vigoroso. Temos juros em queda, bônus populacional e podemos sair fortes desta crise. No entanto, podemos ser, sim, afetados por ela”, disse.
Até novembro, o setor exportou 493.162 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. As receitas com as exportações até novembro atingiram US$ 14,2 bilhões, 19,9% a mais do que em 2010. Neste ano, entre janeiro e novembro, o número de automóveis nacionais novos licenciados foi de 2,251 milhões, uma queda de 1,4% em comparação com o mesmo período de 2010. Já entre os importados o crescimento foi de 32,3%: entre janeiro e novembro de 2010 foram licenciados 577 mil novos carros importados no País. Neste ano, foram 764 mil.
Máquinas agrícolas
O mercado interno de automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões deverá crescer em 2011 e também em 2012. Esse, no entanto, não é o cenário previsto para o setor de máquinas agrícolas. As vendas entre janeiro e novembro de 2011 somaram 61.670 unidades, 4,6% a menos do que as 64.645 unidades vendidas no mesmo período de 2010. A previsão é manter o volume de exportações em 18,2 mil unidades, porém, com queda de 3% nas receitas. A Anfavea não prevê aumento nas vendas dentro do Brasil.
O diretor da área de máquinas agrícolas da Anfavea, Milton Rego, afirmou que a queda nas vendas é provocada por um “esgotamento” do programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Este programa oferece linhas de financiamento a juros baixos para estimular a agricultura familiar. Foi implementado primeiro no Sul do País e, de acordo com Rego, ajudou a elevar as vendas de máquinas agrícolas nos últimos dois anos. Ele disse que agora é preciso que o programa chegue a outras regiões do País, como o Nordeste.
Rego reconheceu que as exportações estão em queda, especialmente para a África, porque o País está perdendo competitividade no setor. Os europeus estão entre os principais concorrentes. “Não há dúvidas de que somos competitivos na África por causa da nossa semelhança com as características [de clima e lavoura] locais. A questão é o custo Brasil. São os portos, tributos e logísticas que aparecem com a apreciação do real”, disse.
Segundo Rego, o programa Mais Alimentos África, que foi lançado em outubro, poderá incentivar as exportações em 2012. No entanto, ele disse que as condições financeiras ainda não estão definidas.