São Paulo – Após anos de negociações, a Argélia abriu o mercado para importação de frango do Brasil em outubro. Para as vendas terem início, contudo, ainda é preciso que as tarifas de importação, que hoje chegam a 100%, sejam reduzidas. De acordo com o diretor de Mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua, a partir do momento em que as tarifas caírem, as empresas brasileiras poderão exportar “no dia seguinte”, pois já estão capacitadas a atender as demandas daquele mercado, seja conforme o tipo de produto demandado, seja por já serem produtoras e exportadoras de produtos halal, que seguem os preceitos do Islã. (na imagem acima, planta de processamento de carne de frango).
“O Brasil comemorou e segue comemorando a abertura desse mercado. Primeiro, acho que é o reconhecimento do status sanitário, a qualidade, a sanidade que o Brasil hoje já exporta para mais de 150 países e a Argélia também passa a reconhecer todos esses atributos que a gente sabe que estão presentes na nossa carne de aves”, afirma Rua. “Segunda questão é o fato de os argelinos estarem atravessando um momento conturbado em relação à inflação de alimentos”, diz Rua.
Após a abertura daquele mercado com a publicação do Certificado Sanitário Internacional (CSI) em 12 de outubro, tanto agentes privados como instituições governamentais de abastecimento começaram a se preparar para importar frango brasileiro. Uma missão com integrantes da ABPA, do Ministério das Relações Exteriores, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Câmara de Comércio Árabe Brasileira visitou o país entre 15 e 19 de outubro.
Ainda há um desafio para que as exportações acelerem: atualmente há duas tarifas de importação que somam 100%, o que dificulta ao exportador vender naquele mercado. “A gente esteve lá, houve o compromisso por parte do governo, e a gente explicou para eles que com uma tarifa de 100% seria muito difícil fazer negócio. Eles entenderam isso, estão agora avaliando, internamente discutindo, isso passa em um processo legislativo e tudo o mais, o que leva seu tempo, e a gente entende e está esperançoso que seja retirado logo em breve, ou reduzido logo em breve para que possa efetivamente começar os negócios”, diz Rua. A expectativa é que exista uma grande redução dessa tarifa para próximo de zero. “Esses ajustes são comuns em aberturas de mercado”, completa Rua, para quem, “ajustada essa questão da tarifa”, o Brasil no ano que vem terá na Argélia um importante parceiro comercial.
O tamanho do potencial ainda está sendo avaliado, mas o país tem 44 milhões de habitantes e o Brasil é, hoje, o segundo maior produtor e maior exportador mundial de carne de frango. É, também, o maior exportador halal de carne de frango, com remessas que somam duas milhões de toneladas por ano.
A principal demanda do mercado argelino é por frango inteiro congelado acima de 1,3 quilograma. Como comparação, o consumidor da Arábia Saudita, país que é um dos maiores importadores de frango brasileiro, prefere frango inteiro menor do que 1,3 kg. Há também, afirma Rua, oportunidades para a venda de frango inteiro desossado congelado, o shawarma, e de carne mecanicamente separada, utilizada para a produção de processados de frango. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), não foram registradas remessas de carne de frango para a Argélia em outubro.