São Paulo – A exportação de frango para os países do Oriente Médio apresentou queda de 10% de janeiro a julho em comparação com os primeiros sete meses do ano passado. Em coletiva à imprensa na manhã desta quinta-feira (23), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que um dos maiores motivos para a redução nas exportações no período foi a instituição de novos critérios para o abate halal.
A Arábia Saudita comprou 28% menos carne de frango, O Kuwait teve redução de 11%, e somente os Emirados Árabes Unidos apresentaram crescimento de 7%. Mesmo com a redução, os três países árabes estão entre os dez maiores compradores de carne de frango brasileira; a Arábia Saudita manteve o primeiro lugar, com 268 mil toneladas, os Emirados, o quinto lugar lugar, com 180 mil toneladas, e o Kuwait aparece em nona posição, com 64 mil toneladas da proteína animal.
Segundo Ricardo Santin (foto acima, 2º da esq. para a dir.), diretor executivo da ABPA, os novos critérios halal estão sendo atendidos e isso gerou uma adaptação de volumes do mercado, ou seja, a produção foi menor. De qualquer forma, as novas regras garantiram a oportunidade de vender mais aos Emirados Árabes e também ao Iêmen, e segundo o presidente da associação, Francisco Turra, o crescimento para os dois países árabes, ao lado de China e México, reduziram os efeitos do embargo pela União Europeia.
O diretor técnico Rui Saldanha Vargas comentou que a associação está trabalhando para fazer um alinhamento de entendimento e interpretação sobre a questão da inconsciência do animal no abate halal. “No método halal, nenhum animal morto naturalmente deverá ser consumido, mas nós já provamos cientificamente que o atordoamento ou a inconsciência não configuram morte, o animal continua vivo, para só depois ser abatido e feita a sangria”, explicou.
Até então, era permitido fazer o atordoamento para facilitar os procedimentos de abatimento. “Nosso grande trabalho é demonstrar pra eles que o animal não morre, apenas tiramos a consciência para que ele não sofra”, completou.
Panorama
Turra apresentou as projeções para o ano, e informou que a produção de carne de frango deve apresentar redução de 1% a 2%, girando em torno de 13 milhões de toneladas. A redução é puxada pela diminuição no alojamento de pintos de corte, estimada entre 3% e 5%, o que impacta na oferta de carne de frango. No início do ano, a projeção era de um aumento entre 2% e 4%. O consumo per capita também deve apresentar redução, com projeção de 42 quilos. Em 2017, o consumo foi de 42,07 kg.
As exportações também deverão se retrair entre 2% e 3% no ano, em relação às 4,32 milhões de toneladas embarcadas em 2017, chegando a 4,25 milhões de toneladas. “A redução se deve a três grandes fatores, a suspensão de plantas brasileiras exportadoras de carne de frango pela União Europeia, a aplicação de equivocadas medidas de direito antidumping pela China e a instituição de novos critérios para o abate halal”, disse Turra. Além disso, foi levada em consideração também a questão da greve do setor de transporte de cargas, em maio deste ano.
“Com o tabelamento do frete, e a elevação dos custos de produção, o custo logístico dos setores apresenta aumento médio de 35%, chegando até 80% em algumas modalidades, como o transporte de ração”, informou Turra. Isso se traduz em aumento de cerca de 15% para o consumidor final.
Janeiro a julho
A previsão para agosto é que a exportação de frango supere as 400 mil toneladas. Entre janeiro e julho, foram exportadas 2,3 milhões de toneladas, volume 8,2% abaixo das 2,505 milhões de toneladas vendidas no mesmo período de 2017. A receita das vendas totalizou US$ 3,675 bilhões, 12,4% a menos no mesmo comparativo.
A Ásia foi o maior destino, superando o Oriente Médio, com 790 mil toneladas e crescimento de 1,4%. O Oriente Médio veio em segundo lugar com 752,1 mil toneladas, redução de 10%. A África está em terceira posição com 323,4 mil toneladas, decréscimo de 15,2%. A União Europeia aparece em quarto lugar com 139,5 mil toneladas, redução de 29,2%.
Ovos
Segundo a projeção apresentada pela ABPA, a produção de ovos brasileiros deve crescer até 10% no ano, chegando a 44,2 bilhões de unidades. O consumo per capita estimado também é otimista, de 212 unidades. Em 2017, foram 192 unidades.
As exportações de janeiro a julho totalizaram 5,8 mil toneladas, valor 59% superior ao mesmo período de 2017. A receita cresceu 84%, somando US$ 9,33 milhões. Os Emirados Árabes estão em primeiro lugar entre os países compradores, com 3.218 toneladas de janeiro a julho, aumento de 45% em relação ao ano anterior. A Arábia Saudita aparece em quinto lugar, com 270 toneladas, volume 150% maior que o do mesmo período de 2017.