São Paulo – A exportação brasileira de milho cresceu quase 200% em agosto e o Egito foi um dos países que aumentou significativamente as compras do grão. Os egípcios foram os maiores importadores do milho brasileiro no mês passado. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil faturou US$ 1,3 bilhão com exportação de milho em agosto, com avanço de 181% sobre igual mês de 2018.
O Brasil vendeu para o mercado egípcio US$ 40,5 milhões em milho em agosto de 2018, frente a US$ 158,4 milhões no mês passado. O avanço foi um pouco maior do que o crescimento geral: 291%. O país figurou no topo do ranking de importadores, seguido por Irã, com US$ 157 milhões, Japão, com US$ 143,5 milhões, Espanha, com US$ 141,8 milhões, e Vietnã, com US$ 112,6 milhões. A lista dos dez maiores compradores segue com Coreia do Sul, Taiwan, Colômbia, Malásia e México.
O consultor de agronegócios da Tendências, Felipe Novaes, explica que o aumento na exportação brasileira de milho se deve principalmente à maior produção do grão. “A tendência é que o aumento se dê entre os destinos que já eram tradicionais”, afirmou Novaes para a ANBA, em referência ao Egito e outros mercados que compram milho do Brasil.
No ano passado o Brasil teve quebra na safra da cultura. A produção ficou em 80,7 milhões de toneladas na colheita 2017/2018, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com queda de 17,5% sobre a colheita anterior. Já na safra 2018/2019, que está praticamente concluída, devem ser produzidas 99,3 milhões de toneladas de milho, com aumento de 23% sobre o período anterior.
O consultor da Tendências cita ainda outros dois fatores que explicam o aumento da exportação. Além do crescimento da oferta, há a taxa de câmbio atual, com o real desvalorizado, o que é favorável para exportar pois torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado externo. Novaes lembra que em agosto de 2018, o dólar custava R$ 3,93 e em agosto deste ano ficou acima de R$ 4.
O economista Novaes também acredita que houve alteração nos fluxos mundiais de comércio do milho em função da peste suína registrada na Ásia. Com a morte dos animais, a região, grande produtora de carne suína, passou a comprar carne em outras partes do mundo, em vez de comprar milho para abastecer suas manadas. Com isso, o tráfego internacional do milho deve ter se alterado significativamente.
Entre os dez maiores destinos do milho brasileiro em agosto, apenas um diminuiu as compras. Foi o segundo maior comprador, o Irã, que saiu de aquisições de US$ 185,8 milhões em agosto de 2018 para US$ 156,9 milhões no mês passado. Entre os demais países da lista, todos aumentaram as importações na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados disponibilizados pela Secex.
Entre os países árabes, também compraram milho em grão do Brasil em agosto o Marrocos, com US$ 29 milhões, a Jordânia, com US$ 17 milhões, a Arábia Saudita, com US$ 7,8 milhões, a Argélia, com US$ 6,4 milhões, e o Kuwait, com US$ 5,8 milhões. Em valores menores ainda fizeram importações Líbano, Tunísia, Emirados e Síria.