Isaura Daniel
São Paulo – As exportações brasileiras para os 22 países da Liga Árabe alcançaram US$ 636,2 milhões no mês de julho, recorde mensal histórico nas vendas do país para a região. O recorde anterior era de agosto do ano passado: US$ 615,7 milhões. O valor das vendas de julho representa um crescimento de 28% sobre o mesmo mês do ano passado. "Julho foi um dos melhores meses do ano passado para as exportações brasileiras aos países árabes e assim mesmo houve crescimento de 28%", lembra o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr.
Nos primeiros sete meses deste ano, o Brasil teve receita de US$ 3,3 bilhões com exportações para a região, com crescimento de 23% sobre o mesmo período de 2005. De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, vários fatores colaboraram para o crescimento, entre eles o preço do petróleo.
Sarkis lembra que o Ramadã, período religioso muçulmano, vai ocorrer entre o final de setembro e início de outubro neste ano, e já está se refletindo nas importações. Em 2005 ele aconteceu entre outubro e novembro. Durante o Ramadã os muçulmanos jejuam durante o dia, mas comem bastante à noite. Além disso, o mês sagrado é seguido de um período de festas.
De acordo com Alaby e Sarkis, o aumento se deve principalmente às vendas de alimentos. De fato, países que são compradores de produtos do agronegócio aumentaram as suas importações. A Síria, por exemplo, grande compradora do açúcar nacional, importou 39% a mais do Brasil em julho. Também a Mauritânia e o Sudão, importadores da mesma commodity, compraram 187% e 46,2% a mais do país no último mês. Também a carne teve um peso importante no aumento das exportações, segundo o presidente e o secretário-geral da Câmara Árabe.
Os maiores importadores de produtos brasileiros, no mundo árabe, em receita, no mês de julho, foram Egito, com US$ 168 milhões, seguido da Arábia Saudita, com US$ 115,5 milhões, dos Emirados, com US$ 115,4 milhões, da Argélia, com US$ 47,8 milhões, e do Marrocos, com US$ 31,5 milhões.
No acumulado de janeiro a julho a ordem se manteve. O Egito comprou US$ 759,9 milhões, a Arábia Saudita US$ 757,7 milhões, os Emirados US$ 495,2 milhões, a Argélia US$ 237,8 milhões e o Marrocos US$ 227,6 milhões. O Egito, primeiro da lista, é um grande comprador de carne brasileira.
Em percentuais, quem mais aumentou as suas compras no último mês foi Somália, seguida da Mauritânia, Iraque, Ilhas Comores e Emirados. No acumulado do ano, os maiores aumentos ficaram com Iraque, Djibuti, Somália, Ilhas Comores e Sudão. De acordo com Sarkis, se as exportações seguirem no atual ritmo de crescimento, a corrente comercial vai chegar ou poderá até ultrapassar a meta estipulada pela Câmara Árabe para a corrente comercial do ano: US$ 12,6 bilhões, com crescimento de 20% sobre os US$ 10,5 bilhões de 2005. "O acumulado das exportações já está em US$ 3,3 bilhões", lembra Sarkis.
O petróleo
As importações brasileiras de produtos árabes aumentaram 21,7% entre janeiro de julho deste ano sobre os mesmos meses de 2005 e chegaram a US$ 3,18 bilhões. Em julho, porém, elas recuaram 37%. O Brasil importou US$ 372,6 milhões dos árabes no último mês. A maior parte é petróleo.
De acordo com Sarkis, o número de julho está próximo da média mensal de importações. A diminuição, segundo ele, pode ser explicada em função da base de comparação, bastante alta: julho foi o mês do ano passado que registrou o segundo maior volume de importações brasileiras do mundo árabe.