Geovana Pagel
São Paulo – Os casos da influenza aviária, a gripe do frango, na Ásia, podem colaborar para o crescimento das exportações brasileiras da ave. O vice-presidente técnico científico da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Pereira Mendes, disse que, até o momento a situação ainda não está clara, mas as perspectivas são otimistas.
“A gente não gostaria de crescer a custa da desgraça de ninguém. Além disso, não sabemos até que ponto estes casos de doença, inclusive com a morte de humanos, podem diminuir o consumo de carne de frango nos países afetados”, alertou Mendes.
Antes mesmo dos surtos de gripe do frango sinalizarem com a possibilidade de aumento das exportações, dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) já apostavam no crescimento de 10% nas exportações de carne de frango e de recuperação do mercado interno. Isso deve gerar um crescimento superior a 5% na produção de carne de frango em 2004.
De acordo com o presidente da UBA, Zoé Silveira d’Avila, é preciso lembrar que a avicultura brasileira tem potencial para crescer mais, na dependência direta da demanda. Essa é uma das grandes vantagens da produção de frango, atividade que dá uma resposta muito rápida em termos de produção, explicou.
“A União Brasileira de Avicultura vai continuar o trabalho desenvolvido junto ao Ministério da Agricultura com o objetivo de manter o atual status sanitário do plantel avícola brasileiro, que garante a qualidade, a sanidade e o padrão internacional, tanto para o mercado interno como para os mais diferentes destinos globais”, explicou Zoé.
Venda para 122 países
Os números finais do desempenho do setor em 2003 mostram que a avicultura brasileira manteve sua trajetória de crescimento.“Mesmo afetada pela diminuição do poder de compra de grande parte da população brasileira, a atividade voltou a apresentar desempenho acima do crescimento do PIB”, destacou o presidente da UBA.
Em receita cambial, o Brasil passou a ser o maior exportador mundial de frangos. O produto brasileiro chegou a 122 países. Foram exportadas 1,9 milhão de toneladas de carnes (frangos inteiros e cortes) in natura, além de 37,7 mil toneladas de produtos processados de frango. A receita cambial total atingiu US$ 1,8 bilhão.
O Oriente Médio, principal cliente, apresentou crescimento de 21,6% frente a 2002, para US$ 593,5 milhões. Destaque para a Arábia Saudita, responsável pela metade do total importado pela região, US$ 245,4 milhões. O segundo maior, Emirados Árabes Unidos, foi responsável por 17% das importações (US$ 82,5 milhões). Em 2003, após 18 anos, o Iraque voltou a comprar frango brasileiro: 2,5 mil toneladas.
A Ásia, segunda maior região em importância para o setor, apresentou crescimento de 27,5% sobre o ano anterior, para US$ 460 milhões. Destaque para Hong Kong, que passou a liderar as compras da região, com US$ 115,4 milhões, tomando esta posição do Japão. Juntos os dois países são responsáveis por 83,5% das compras asiáticas.
A União Européia, também um dos principais compradores, apresentou um crescimento pequeno, 2,6%, para US$ 285,5 milhões. Alemanha, Espanha e países baixos compraram 79% do total importado pelos membros da UE.
A maior queda nas importações foi registrada pela Rússia. Por conta do estabelecimento do regime de cotas, as vendas recuaram 32% sobre o ano anterior. Já a África apresentou um crescimento significativo de 42%, com destaque para a África do Sul, que cresceu 60%.
Com o restabelecimento da ordem econômica na Argentina, as exportações retomam aos poucos a posição que detinham em 2000 e 2001. Foram enviadas 8 mil toneladas em 2003, contra 721 no ano de 2002 – um crescimento de 1.000%.
Para o mercado interno, garantindo o pleno abastecimento, foram destinadas 5,9 milhões de toneladas, oferta 0,07% superior à de 2002. O consumo per capita foi de 33,3 Kg, inferior em 1,4% ao ano de 2002.
Foram alojadas cerca de 536 mil matrizes de corte a mais que em 2002, com crescimento de 1,75%. Esse nível de alojamento vai possibilitar que a produção avícola continue evoluindo em 2004.
Foram abatidos 3,71 bilhões de frangos, obtendo-se a produção total de carne de frangos de 78,8 milhões de toneladas. Isso representou um incremento de 4,34% sobre o ano anterior.
Perus e ovos
A UBA também registrou o crescimento da criação brasileira de perus, cujos produtos deixaram de ter consumo apenas sazonal, tendo hoje oferta de consumo permanente durante todo o ano.
Foram abatidos 28,7 milhões, com evolução de 8,14% sobre o ano anterior. A produção total alcançou 271,4 mil toneladas, que representaram 23% de acréscimo sobre a produção de 2002.
Para o mercado interno foram destinadas 161 mil toneladas de carne de peru. O mercado externo absorveu 110,4 mil toneladas, o que proporcionou receita cambial de US$ 152,3 milhões. Isso significou um incremento de 23,8% em comparação com o desempenho de 2002. “O Brasil hoje é o terceiro maior exportador mundial de carne de peru”, comemora Zoé.
Já a produção de ovos alcançou 62,6 milhões de caixas de 30 dúzias, totalizando assim a oferta de 22,5 bilhões de ovos. O consumo per capita atingiu 127 ovos.O plantel de poedeiras comerciais atingiu em 2003 o total de 79 milhões de aves.
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