Alexandre Rocha
São Paulo – As pequenas e médias empresas da indústria de refrigeração exportaram no ano passado o equivalente a US$ 250 milhões, de um total de US$ 700 milhões vendido fora do país pelo setor como um todo. O presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Carlos Eduardo Trombini, acredita que o valor pode aumentar em 8% até o final do próximo ano. Esta é a meta de um convênio de incentivo às vendas externas assinado ontem (23) pela Abrava e pela Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex). Com o projeto, as duas entidades estimam que serão criados 850 novos empregos diretos.
Conforme a ANBA noticiou ontem (23), o programa, que vai custar R$ 4 milhões e terá 18 meses de duração, tem como principais focos a conquista do mercado árabe e a ampliação das vendas para a América Latina.
"Estas são as duas grandes áreas para onde pretendemos levar nossos produtos: A América Latina por ser um mercado em crescimento e próximo a nós do ponto de vista da logística; e o Oriente Médio porque lá existem muitas oportunidades para os segmentos de refrigeração a ar-condicionado", disse Trombini, acrescentando que o clima (quente) foi o principal fator para a escolha dos países árabes, além do potencial econômico da região.
"Os países árabes são um mercado em expansão, mas muito competitivo", acrescentou o presidente da Apex, Juan Quirós, referindo-se ao fato que lá atuam fortemente empresas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia.
Nesse sentido, dentro do projeto está prevista a realização de estudos de mercado, missões comerciais e a participação em feiras em países da região. Os três países escolhidos no mundo árabe foram os Emirados Árabes Unidos, o Líbano e a Arábia Saudita.
Trombini acrescentou que tais países foram selecionados porque já têm relações estáveis com o Brasil. A Arábia Saudita e os Emirados são os dois maiores parceiros comercias do Brasil entre os países árabes e o Líbano é a nação de origem da maior parte da colônia árabe residente no Brasil.
Além disso, o setor vai convidar importadores destes três países para virem ao Brasil participar da Feira da Indústria da Construção (Feicon) e da Feira Internacional de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento de Ar (Febrava) no próximo ano, dentro do que a Apex chama de "projeto comprador". De acordo com Quirós, a idéia é mostrar aos empresários estrangeiros a capacidade da indústria nacional e a qualidade de seus produtos.
Embora os dois focos principais sejam o Oriente Médio e a América Latina, também está prevista a prospecção e a promoção comercial em mercados considerados "maduros" da Europa e dos Estados Unidos. O Extremo Oriente está fora dos planos porque, segundo Trombini, a Ásia hoje é um mercado muito mais exportador destes produtos do que importador.
Política industrial
Quirós acrescentou que o projeto se insere dentro da política industrial do governo brasileiro, na medida em que busca colocar novas empresas no mercado internacional.
Hoje, segundo Trombini, duas empresas de grande porte, a Embraco, de Santa Catarina, e a subsidiária da norte-americana Tecumseh, com sede em São Carlos (SP), respondem por mais de 50% das exportações do setor. O carro chefe das vendas externas são compressores, ou motores utilizados em equipamentos de refrigeração e ar-condicionado.
A idéia é aumentar o número de empresas e diversificar os produtos para incluir outros componentes e mercadorias acabadas na pauta de exportações. Inicialmente 20 empresas vão participar do projeto, de um universo de 280 associadas à Abrava.
Segundo informações da entidade, hoje estas companhias utilizam entre 65% e 70% de sua capacidade instalada. Espera-se que, ao final do programa, a ociosidade chegue a zero. "Estas empresas podem até se tornar fornecedoras de grandes multinacionais no exterior", disse Trombini.
O passo inicial do projeto será treinar o pessoal das empresas para atuar no comércio exterior e municiá-las de informações sobre o mercado internacional. Quirós lembrou que o governo brasileiro consegue monitorar o comércio de 122 países por meio de 18 consultorias especializadas contratadas ao redor do mundo.
Serviços
O projeto tem também como um de seus objetivos incentivar a exportação de serviços de engenharia, instalação e manutenção relacionados aos produtos fabricados pelo setor. Num primeiro momento, porém, a América Latina vai ser o principal foco dessa parte do programa.
Segundo informações da Abrava, o setor de refrigeração, ar-condicionado, ventilação e aquecimento movimenta cerca de R$ 9,5 bilhões por ano no Brasil, reúne entre 500 e 600 empresas, incluindo as associadas à entidade, e emprega cerca de 140 mil pessoas em toda a cadeia produtiva, incluindo o comércio e serviços.

