São Paulo – As exportações de café para os países árabes recuaram 5% de janeiro a maio, segundo dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) na sexta-feira (09). Foram enviadas para a região 486,8 mil sacas de café, ante 512,8 mil sacas de 60 kg embarcadas nos primeiros cinco meses de 2016.
Em receita, as exportações para a região somaram US$ 84,7 milhões, valor 25,5% superior aos US$ 67,5 milhões faturados de janeiro a maio do ano passado. A alta é explicada pelo aumento do preço médio da saca de café brasileiro exportada no período: saltou de US$ 146,90 no ano passado para US$ 175,85 neste ano, de acordo com o Cecafé.
Nelson Carvalhaes, presidente da entidade, avalia que o recuo nas exportações aos árabes reflete o momento do mercado. “Não acredito em menor demanda da região ou falta de produto brasileiro. Existem oscilações que são corrigidas no futuro”, explicou.
Há ainda outro fator que pode contribuir para este resultado: a equipe de estatística do Cecafé identificou que a Turquia está, de certa forma, servindo de canal intermediário na distribuição do café brasileiro para alguns países em conflito na região, como a Síria. De janeiro a maio, os embarques para os turcos subiram 30,7%, saltando de 336,4 mil sacas de café em 2016 para 439,8 mil sacas este ano.
“A Turquia virou uma espécie de entreposto no caminho para os árabes”, afirmou o presidente.
Clima prejudica
No total, as exportações brasileiras de café recuaram 8,2% em volume no acumulado do ano, para 12,7 milhões de sacas. A receita cresceu 9,3%, alcançando um faturamento de US$ 2,2 bilhões.
Segundo Carvalhaes, as condições climáticas vêm interferindo negativamente nos embarques do produto. “Especialmente a seca no norte do Espírito Santo tem, nos últimos anos, reduzido nossa oferta de café”, disse. “Nossa média normal é de três milhões de sacas exportadas por mês. Estamos abaixo”, afirmou.
Em maio, isoladamente, os brasileiros exportaram 2,437 milhões de sacas de café, volume 3,6% inferior ao de igual mês do ano passado. A receita cresceu 13%, somando US$ 418,9 milhões – uma média de US$ 171,84 por saca.
O presidente da Cecafé disse esperar uma recuperação dos volumes no segundo semestre e projeta chegar ao fim do ano empatado com o resultado do ano passado – em torno de 34 milhões de sacas. “Só espero retorno de altos volumes a partir da safra 2018/2019, que inicia em julho do ano que vem”, previu Carvalhaes.