São Paulo – As exportações brasileiras de calçados caíram mais de 10% em 2018, com quedas em todos os meses com exceção de abril, segundo relatório da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) divulgado nesta quinta-feira (10). Foram embarcados 113,47 milhões de pares, somando US$ 976 milhões no período, uma baixa de 10,8% em volume e de 10,5% em receita no comparativo com 2017.
Só em dezembro, as exportações alcançaram 13 milhões de pares e US$ 97,6 milhões em receita, queda de 24,3% em volume e de 16,5% em receita ante dezembro do ano anterior.
O presidente da Abicalçados, Heitor Klein, destacou em nota que as oscilações cambiais provocadas pelo período eleitoral no Brasil e o aumento dos juros nos Estados Unidos prejudicaram as exportações no período, somando-se ainda as paralisações dos caminhoneiros no Brasil em maio e os altos custos de produção.
“A partir deste ano, porém, com um ambiente mais seguro para os agentes de exportação, devemos obter incrementos”, disse o presidente da associação, segundo o comunicado, ressaltando que existem boas expectativas de recuperação, especialmente para o mercado norte-americano. “Existe uma tendência, por conta da guerra comercial travada entre os Estados Unidos e China, de substituição das importações de calçados asiáticos naquele país”, informou Klein.
Principais mercados
Os Estados Unidos foram o único país dentre os três principais destinos estrangeiros dos calçados brasileiros a apresentar saldo positivo em dezembro de 2018, com 2,17 milhões de pares embarcados a US$ 25 milhões, alta de 51% em volume e de 26,8% em receita ante igual mês de 2017. No acumulado do ano, o país norte-americano comprou 10,76 milhões de pares por US$ 166,78 milhões, queda de 5% em volume e de 12,2% em dólares em relação ao ano anterior.
O segundo maior comprador internacional foi a Argentina, que importou 418,4 mil pares a US$ 5,24 milhões em dezembro de 2018, baixa de 47,3% em pares e de 28,5% em receita no comparativo com dezembro de 2017. O acumulado do ano resultou em 1,8 milhão de pares a US$ 139,38 milhões vendidos aos argentinos, crescimento de 2% em volume e queda de 5,2% em receita ante o ano anterior. “A Argentina passou a diminuir suas importações de calçados brasileiros a partir dos últimos meses do ano passado, especialmente por conta da crise interna e a brusca desvalorização do peso ante o dólar, o que encareceu os produtos dolarizados”, avaliou Klein.
A França foi o terceiro maior importador de calçados nacionais de 2018, com 910,8 mil pares a US$ 6,53 milhões vendidos em dezembro, um decréscimo de 47,3% em volume e de 28,5% em receita comparado com o mesmo mês de 2017. No ano, os franceses compraram 7,34 milhões de pares, que geraram US$ 57 milhões, aumento de 5,7% em volume e queda de 2,5% em receita na relação com 2017.
Importações em alta
As compras de calçados importados cresceram no ano passado. Entraram no Brasil 26,6 milhões de pares por US$ 347,55 milhões, aumentos de 11,8% em volume e de 2,2% em receita ante 2017. As principais origens foram os países asiáticos Vietnã, Indonésia e China.