São Paulo – As exportações brasileiras de carne de frango caíram no resultado geral e cresceram para os árabes no primeiro semestre deste ano. De acordo com os dados do período divulgados nesta quinta-feira (1) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a expectativa do setor é encerrar o ano com 5,25 milhões de toneladas embarcadas, com aumento de até 2,2% sobre os 5,13 milhões do ano passado.
Em valores, entre janeiro e junho, foram exportados US$ 4,63 bilhões, uma queda de 10,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirmou que, apesar desta queda, os dados representam uma estabilidade. Ele afirmou que os dados de exportação de março do ano passado foram muito altos e, portanto, distorceram a média do setor naquele período.
O principal comprador do Brasil foi a China, que corresponde a 11% das importações do setor. Foi seguida pelos Emirados Árabes Unidos (10% das compras), Japão (8%), Arábia Saudita (8%), África do Sul (7%), Filipinas (5%) e Iraque (4%).
As vendas paras os países árabes cresceram: no primeiro semestre, os Emirados Árabes Unidos importaram US$ 478,2 milhões em carne de frango do Brasil, em alta de 16,5% sobre o mesmo período do ano passado. A Arábia Saudita importou US$ 431,6 milhões, com alta de 5% sobre o primeiro semestre de 2023.
Para o Iraque as vendas cresceram 28,3% na comparação ano a ano e chegaram a US$ 231,9 milhões. Cresceram, entre os países árabes, também as vendas para Kuwait, Omã, Catar e Jordânia. Houve queda nas vendas para Iêmen e Bahrein.
Instabilidades influenciam exportações de carne de frango
Santin atribuiu a expansão das vendas ao Oriente Médio às instabilidades regionais. “Em momentos de tensão na região, os países aumentam as compras para formar estoques”, disse o executivo da ABPA. “Como bloco, os países do Oriente Médio e Norte da África são nosso maior cliente e deverão continuar a crescer. As exportações para Mena cresceram 15,2% e deverão se manter neste patamar”, disse.
“Nossas expectativas são de que continuem como maior cliente como bloco. Os países de religião islâmica são, inclusive, as maiores importações do Brasil. Nós crescemos neste acumulado do primeiro semestre no Mena, que é Middle East and North Africa [Oriente Médio e Norte da África], 15,2%. E a gente entende que isso deve se manter, talvez não na casa de 15%, mas manter crescimento e retomada”, disse.
Diretor de Mercados da ABPA, Luís Rua afirmou que o Brasil já exportou 10 mil toneladas para a Argélia, um destino aberto em outubro do ano passado, e disse que o principal produto exportado ao país do Norte da África é o frango inteiro. Ele explicou que há “faixas” de tamanho do animal, desde 700 gramas até 1,7 quilograma. Os sauditas, exemplificou Rua, preferem os animais menores. Para os Emirados, são exportados animais entre um quilo e 1,2kg. Já os consumidores de Argélia, Egito e Iêmen têm predileção por peças de 1,2kg a 1,5kg, o que ajuda a preencher a oferta da indústria.
Santin afirmou que o Brasil buscou ser rápido na contenção do foco da Doença de Newcastle, que decorre de um vírus que circula entre pombos silvestres, mas migrou para um animal de um aviário localizado na cidade de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul.
Mesmo tendo adotado os protocolos sanitários acordados internacionalmente informado os países compradores e realizado o autoembargo de exportações, entre outras medidas, o País ainda sofre suspensão total das suas vendas de carne de frango para China, Argentina, Macedônia do Norte e México. Restrições às exportações do estado do Rio Grande do Sul estão em vigor para Uruguai, Peru, Bolívia, Chile, Rússia e Arábia Saudita.
O impacto estimado desses embargos, disse Santin, é de 50 mil a 60 mil toneladas. “A autosuspensão (de vendas) depende de nós, mas levantar o embargo depende do importador. O que podemos fazer é enviar (aos países) as informações o mais rápido possível e estamos fazendo isso”, disse. “Não tem motivo para manter o embargo”, afirmou.
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