São Paulo – As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 7,34 bilhões em agosto, uma queda de 17,4% em comparação com o mesmo mês de 2014. No acumulado do ano, as vendas externas do setor acumulam US$ 59,71 bilhões, uma redução de 11,7% sobre os US$ 67,61 bilhões registrados de janeiro a agosto do ano passado. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com o professor de economia da Universidade Federal do Paraná e técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Eugênio Stefanelo, mesmo com o câmbio favorável, o preço baixo das commodities afeta as receitas do setor. No ano passado, afirmou Stefanelo, as exportações da agricultura e da pecuária atingiram US$ 96,7 bilhões, faturamento que não deverá se repetir neste ano. A expectativa do professor é que os embarques atinjam US$ 85 bilhões até dezembro.
Ele observou que grandes importadores dos produtos brasileiros, como Venezuela, Oriente Médio e Argentina, enfrentam problemas internos e a economia mundial, apesar de registrar crescimento, ainda não tem o mesmo desempenho do período anterior à crise de 2008. Em nota, o Mapa afirma que os volumes embarcados de soja em grão e carne in natura estão crescendo, mas observou que as receitas estão menores em razão da queda nos preços internacionais.
Segundo Stefanelo, o bushel de milho (equivalente 25,4 quilos) era negociado, em média, a US$ 6,90 em 2012, US$ 5,63 em 2013, US$ 4,18 em 2014 e US$ 3,78 no primeiro semestre deste ano. O mesmo ocorreu com a soja. Em 2012, o bushel (equivalente a 27,2 Kg) era negociado a US$ 14,63, valor que caiu para US$ 14,01 em 2013, US$ 12,01 em 2014 e a US$ 9,86 no primeiro semestre deste ano.
Mesmo com a queda nos preços, ele afirma que há uma tendência de recuperação nas receitas com as exportações já a partir do ano que vem. “O desempenho para 2016 depende da recuperação da economia mundial, da taxa de câmbio e do desempenho da lavoura. Teremos no Brasil maior área plantada de soja, recuperação do setor sucroalcooleiro, desempenho melhor na lavoura de café. Se não tivermos quebra de safra, poderemos ter recuperação”, disse. Ele espera que o dólar encerre 2015 cotado a R$ 4 e supere essa cotação em 2016.
A China está crescendo menos do que nos últimos anos. No entanto, afirmou Stefanelo, o país asiático passa por uma mudança de modelo econômico. Antes, seu crescimento era baseado no investimento e na exportação. Agora, deverá ter como base a expansão do mercado consumidor interno.
“Mais chineses ingressarão na economia, a renda deverá crescer, assim como a urbanização. Os primeiros gastos a crescer são com alimentos e com vestuário. Nesse contexto, a América do Sul e especificamente o Brasil têm as condições de atender esta demanda”, disse. Ele também observou que a queda das receitas com o petróleo e as instabilidades regionais do Oriente Médio afetam a importação dos países daquela região. No entanto, o professor acredita haverá uma retomada nas compras nos próximos anos.


