Da Agência Brasil
Brasília – Em dez anos, as exportações da Índia para o Brasil saltaram de US$ 12 milhões para US$ 579 milhões, um aumento de 4.725%. Do país asiático, saem para os portos brasileiros remédios, produtos químicos e petrolíferos, softwares de computador e tecidos, entre outros.
O Brasil vende aos indianos produtos como açúcar, autopeças, aeronaves da Embraer, tecnologia de álcool combustível e soja. De US$ 1,2 bilhão negociado entre os dois países no ano passado, o Brasil vendeu US$ 654 milhões.
“O crescimento das exportações brasileiras no comércio com a Índia neste ano foi gigantesco”, avalia o assessor comercial do Consulado-Geral da Índia em São Paulo, Márcio Faveri.
Ele aponta que o crescimento de 50% na balança comercial com a Índia nos últimos dois anos deve-se, principalmente, à compra de dez jatos civis da Embraer pela indiana Jet Airways, no valor de US$ 260 milhões. O governo da Índia também negocia a compra de cinco aeronaves civis com a Embraer, avaliadas em mais de US$ 100 milhões.
Para melhorar ainda mais as relações comerciais entre as duas nações, agora parceiras no Grupo dos Três (G-3) – aliança entre Brasil, África do Sul e Índia para o comércio mundial – o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, encontra-se até amanhã, em Nova Délhi. Ele participa de um seminário sobre intercâmbio comercial e da instalação oficial da primeira sessão da Comissão Mista Brasil-Índia de Cooperação Política, Econômica, Científica, Tecnológica e Cultural.
O acordo, que põe em prática as intenções de ambos os países de melhorar o intercâmbio comercial, surpreendeu os países desenvolvidos na última reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), ocorrida em setembro em Cancún, no México.
“Brasil e Índia, assim como a África do Sul, têm anseios muito parecidos em termos comerciais e devem definir as melhores estratégias para que essas trocas aconteçam”, prevê Márcio Faveri.
Abertura de mercados
Na opinião de Rômulo Thomé, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia, os empresários indianos têm grande interesse em comprar móveis e também há boas perspectivas para os setores têxtil e alimentício.
Para ele, no entanto, falta ainda uma melhor rentabilidade do Brasil em termos de tecnologia de computadores. A indústria indiana de computadores cresce 54% ao ano na produção de softwares e 30% no ramo de hardware
"A Índia exporta US$ 9 bilhões em softwares, enquanto o Brasil vende US$ 600 milhões. E aqui se fala que é porque o produto brasileiro é inferior ao indiano. Mas há softwares desenvolvidos no Brasil que são aplicados na Europa com resultados bem eficientes”, compara Thomé.
Para mostrar o que a Índia oferece, a embaixada do país no Brasil e o consulado-geral organizam a Índia Tech 2003, uma feira de tecnologia que reunirá 90 empresários indianos no Expo-center Norte de São Paulo entre os dias 11 e 14 de novembro.
“Eles vão buscar compradores e parceiros para os setores de moldes industriais, máquinas agrícolas, motores, processadores de alimentos para indústrias, ferramentas, equipamentos de refrigeração e ar condicionado industrial, máquinas para a indústria farmacêutica, para construção civil, para a industria de borracha, papel, celulose, madeira, vidro e plástico”, enumera Márcio Faveri.