Alexandre Rocha
São Paulo – As exportações do Brasil para os países árabes renderam US$ 2,202 bilhões entre janeiro e julho deste ano, contra US$ 1,302 bilhão no mesmo período de 2003, o que significa um aumento de 69%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão vinculado ao ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Em sete meses, o valor já chegou a quase 80% do total das exportações brasileiras em 2003, que foi de US$ 2,76 bilhões. Na avaliação do presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah, os embarques para os árabes devem render algo entre US$ 3,6 bilhões e US$ 3,7 bilhões até o final do ano.
Já as importações de produtos dos países árabes somaram US$ 2,097 bilhões nos primeiros sete meses do ano, ante US$ 1,472 bilhão no mesmo período do ano passado. Houve um crescimento de 42%. O saldo, até agora, está favorável ao Brasil em US$ 105 milhões.
Atallah destacou o crescimento da corrente de comércio, que é a soma das exportações e importações, que já chegou a quase US$ 4,3 bilhões. Em sua avaliação, a corrente comercial entre o Brasil e os árabes deve terminar o ano entre US$ 7 bilhões e US$ 7,3 bilhões. No ano passado, a soma das vendas e das compras foi de US$ 5,465 bilhões.
O presidente da CCAB destacou ainda o desempenho do que ele chamou de "clube dos 100", um grupo de oito países árabes para onde as exportações brasileiras cresceram mais de 100% nos primeiros sete meses do ano.
Estes países são a Síria, Argélia, Kuwait, Jordânia, Tunísia, Marrocos, Sudão e Iraque. "São mercados mais novos, fora dos mais tradicionais como a Arábia Saudita, Emirados Árabes e o Egito", disse Atallah.
De acordo com ele, o crescimento das exportações ainda está concentrado em produtos básicos como açúcar, frango, carne bovina, minério de ferro e complexo soja (grãos, farelo e óleo). Mas é possível notar o aumento da participação de outras mercadorias, como veículos, leite e derivados e trigo. Os países do Norte da África foram os grandes compradores do trigo brasileiro no primeiro semestre.
Julho
Em julho, as exportações do Brasil para os árabes renderam US$ 342 milhões, contra US$ 245,4 milhões no mesmo mês de 2003, um aumento de 39%. Já as importações somaram US$ 390 milhões, ou 68% a mais do que em julho do ano passado.
Pela segunda vez no ano houve um déficit mensal para o Brasil na corrente comercial com os árabes. De acordo com Atallah, isso reflete o aumento do preço e das compras de petróleo. Países como a Arábia Saudita e a Argélia são tradicionais fornecedores da commodity para o Brasil.
"E isso é bom, porque aumenta o peso do Brasil no comércio dos países árabes", afirmou o presidente da CCAB.
Os principais destinos dos produtos brasileiros no mês foram o Egito (US$ 69,9 milhões), Arábia Saudita (US$ 56,3 milhões), Emirados Árabes (US$ 34,2 milhões), Argélia (US$ 32 milhões), Marrocos (US$ 25,2 milhões) e Síria (US$ 19,1 milhões).
Já o principal fornecedor do Brasil no mês foi, de longe, a Argélia, cujas vendas somaram US$ 255,9 milhões, seguida da Arábia Saudita (US$ 73,9 milhões), Marrocos (US$ 38,4 milhões), Tunísia (US$ 14,2 milhões), Líbano (US$ 2,7 milhões) e Egito (US$ 2,5 milhões).

