Alexandre Rocha
São Paulo – As exportações brasileiras para os países árabes renderam quase US$ 1,86 bilhão no primeiro semestre deste ano, contra US$ 1,056 bilhão no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de quase 76%. Em junho, os embarques somaram US$ 442,5 milhões, ante US$ 163,8 milhões registrados no mesmo mês do ano passado, um crescimento de 170%. As informações foram divulgadas pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) com base em números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo brasileiro.
Segundo o presidente da CCAB, Paulo Sérgio Atallah, tanto o resultado dos seis primeiros meses, quanto o do mês de junho, são recordes na história do comércio com os árabes. "As exportações estão crescendo de forma sustentada", disse ele.
Os números refletem o resultado positivo da balança comercial brasileira geral, divulgada na semana passada, que também foram recordes mensal e para o período.
De acordo com Atallah, os destaques do semestre foram os embarques de produtos agropecuários como trigo, açúcar e carne, além de mercadorias manufaturadas como tubos de aço para a construção de oleodutos, automóveis e chassis para ônibus. "As vendas da indústria automobilística estão crescendo com um todo", acrescentou.
As vendas aumentaram para quase todos os países, com exceção das Ilhas Comores e de Omã. Os principais destinos no semestre foram a Arábia Saudita, que importou mercadorias no valor de US$ 354,8 milhões, com um aumento de quase 32% em relação aos primeiros seis meses de 2003; Emirados Árabes Unidos (US$ 352,6 milhões, com um crescimento de 51,3%); Egito (US$ 313 milhões, mais 106%); e Argélia (US$ 137 milhões, um aumento de 108,16%).
Os aumentos mais expressivos, por sua vez, ocorreram nos embarques para a Somália, que comprou o equivalente a US$ 10,6 milhões, com um crescimento de 1.262% em relação ao primeiro semestre de 2003; Djibuti (US$ 1,583 milhão, mais 727%); Síria (US$ 87,3 milhões, um aumento de 605%); Tunísia (US$ 58,1 milhões, crescimento de 357%); e Sudão (US$ 4,5 milhões, mais 115%).
Atallah acredita que parte dos produtos vendidos para a Síria está sendo reexportada para o vizinho Iraque. Empresas brasileiras terão a oportunidade de explorar mais este mercado na Feira Internacional de Damasco, que será realizada em setembro na capital do país (leia mais sobre a feira hoje na ANBA).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já citou várias vezes o aumento do comércio com os árabes como exemplo da política externa de seu governo. Ele visitou cinco países da região em dezembro de 2003. Para Atallah, a viagem do presidente, aliada ao trabalho de promoção comercial da CCAB são dois fatores importantes que influenciaram o crescimento dos embarques.
Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que o mercado dos países árabes está "com as portas abertas" para as empresas brasileiras.
Importações
Mas não foram só as exportações que cresceram. O Brasil importou dos países da Liga Árabe mais de US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre, 37,4% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Os principais fornecedores foram a Argélia, que vendeu o equivalente a US$ 792,9 milhões ao Brasil, um aumento de 57,18% em relação aos primeiros seis meses de 2003; a Arábia Saudita, que exportou US$ 435,3 milhões, um crescimento de quase 16%; e o Marrocos, cujas vendas somaram US$ 88,5 milhões, 17,15% a mais.
Em junho, o Brasil importou o equivalente a US$ 389,1 milhões dos países árabes, foi o maior valor mensal do ano e 120% superior ao registrado em junho do ano passado. O Iraque aparece em segundo lugar entre os fornecedores árabes do Brasil no mês, com vendas no valor de US$ 130,3 milhões, atrás apenas da Argélia e na frente da Arábia Saudita, que fixou em terceiro lugar.
Na avaliação de Atallah, o petróleo e seus derivados foram os produtos que mais influenciaram o crescimento das importações do Brasil. A commodity é a principal mercadoria de exportação da Argélia, da Arábia Saudita e do Iraque para o Brasil.
2° semestre
Para o segundo semestre, Atallah acredita que o comércio com os árabes vai continuar a crescer num bom patamar. Em sua opinião, as exportações brasileiras para os países da região devem render US$ 3,6 bilhões em 2004. O Iraque, por exemplo, é um das possibilidades de ampliação de mercados, na avaliação do presidente da CCAB.
Esta parece ser também a opinião do governo. Na semana passada, o ministro Furlan disse que vai sugerir ao presidente Lula que convide uma delegação do novo governo iraquiano para vir ao Brasil. Visita que depois seria retribuída por uma missão brasileira.

