Da redação
São Paulo – As exportações brasileiras para os países árabes renderam quase US$ 1,417 bilhão no período de janeiro a maio deste ano, o que significa um crescimento de 58,67% em relação ao mesmo período de 2003, quando o valor foi de US$ 892,9 milhões. Nos cinco primeiros meses do ano as receitas já ultrapassaram a metade do total do faturamento com os embarques para a região registrado no ano passado, que foi de US$ 2,759 bilhões.
Os países que mais compraram do Brasil no período foram a Arábia Saudita (US$ 274,5 milhões), com crescimento de 18,52%; Egito (US$ 254,1 milhões), mais 95,05%; Emirados Árabes Unidos (US$ 245,2 milhões), 22,26% a mais; Marrocos (US$ 140,5 milhões), com um aumento de 64,28%; Argélia (US$ 107,6 milhões), um crescimento de 123,89%; Síria (US$ 64,3 milhões), um aumento de 631,55%; e Kuwait (US$ 48,4 milhões), mais 66,83%.
Os maiores crescimentos foram registrados nas vendas para a Somália (736,8%), com receitas de US$ 7 milhões; Síria; Tunísia (286,51%), que importou o equivalente a US$ 44,6 milhões; Argélia; Líbia (109,14%), que responde por compras de US$ 34 milhões; Iêmen (95,81%), com receitas de US$ 38,2 milhões; e Egito.
A aumento das exportações para a região ficou bem acima do crescimento geral das exportações brasileiras no período, que foi de 24% com receitas de US$ 33,9 bilhões.
Importações
Já o valor das importações chegou a mais de US$ 1,318 bilhão nos primeiros cinco meses do ano, contra US$ 1,066 bilhão registrado no mesmo período de 2003. O crescimento foi de 23,58%, também acima do crescimento geral de 18% das importações feitas pelo Brasil, que somaram US$ 22,7 bilhões.
Os países árabes que mais venderam para o Brasil foram a Argélia (US$ 609,8 milhões), Arábia Saudita (US$ 397,4 milhões), Iraque (US$ 198,8 milhões), Marrocos (US$ 69,2 milhões) e Egito (US$ 17,9 milhões).
Em maio as exportações brasileiras para os árabes renderam US$ 280,8 milhões, contra US$ 184,5 milhões no mesmo mês do ano passado, um crescimento de 52,1%. Já as importações somaram US$ 269 milhões, ante US$ 140,6 milhões em maio de 2003, o que significa um aumento de 91,2%.
Lula
Na terça-feira (01) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan disse, ao divulgar os resultados da balança comercial brasileira no período de janeiro a maio, que as exportações para os países que foram visitados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva crescem acima da média.
Lula viajou em dezembro para cinco países árabes (Líbano, Síria, Emirados, Egito e Líbia). O aumento das vendas para estas nações foi, inclusive, um dos principais assuntos da reunião que Lula teve com seus ministros na sexta-feira (04) na Granja do Torto, em Brasília.
Os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento apresentaram balanços positivos das viagens internacionais feitas pelo presidente, do fortalecimento do Mercosul e do aumento das exportações brasileiras no ano.
Na reunião foram citadas, principalmente, as missões para os países árabes, para a Índia, realizada em janeiro, e a mais recente para a China.
"A viagem do presidente da República ao oriente Médio resultou num amplo salto de qualidade do ponto de vista comercial, com aumento expressivo das exportações brasileiras para os países da região no primeiro trimestre de 2004, em relação ao mesmo período de 2003", informa um texto preparado pela Secretaria de Comunicação de Governo com base em dados fornecidos pelo Itamaraty.
"A prioridade que o governo brasileiro atribui às relações com os países árabes evidencia-se em ações como a criação de Núcleo de Assuntos Iraquianos na embaixada do Brasil em Amã (Jordânia), com vistas à reativação gradual da embaixada do Brasil em Bagdá (Iraque); a abertura de escritório de representação em Ramalá (Cisjordânia), com a designação do embaixador Bernardo de Azevedo Brito para chefiar o escritório; e a designação do embaixador extraordinário do Brasil para o Oriente Médio: embaixador Affonso Celso de Ouro-Preto; além da Cúpula dos Países Árabes e Sul-Americanos", acrescenta o texto divulgado pelo Planalto.
Um documento apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento mostra o Egito, a Líbia e a Síria, três dos países visitados por Lula, entre os destinos dos produtos brasileiros que apresentaram maior crescimento. Para Síria, por exemplo, houve um salto nas exportações de açúcar. Durante a passagem de Lula pelo país foi assinado um acordo para a instalação de uma usina de refino da commodity em território sírio, que já começou a ser construída.
O empreendimento de US$ 150 milhões, que deverá começar a operar em agosto do próximo ano, é resultado de uma associação entre a brasileira Crystalsev, três empresas sírias e a Cargill África.
Além disso, na avaliação do presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah, parte das vendas para a Síria deve estar sendo reexportada para o Iraque.
Política externa
O aumento da cooperação entre os países em desenvolvimento é uma das prioridades do governo Lula. Após a reunião ministerial de sexta-feira, no entanto, o chanceler Celso Amorim, que atuou como porta-voz do encontro, disse que com essa política o Planalto não quer substituir as relações que o Brasil tem com os países ricos, pois elas não são excludentes.
"A nossa relação com os países ricos não é marcada pela confrontação, mas sim pelo alto respeito, pela defesa dos nossos interesses", disse o ministro, segundo informou a Agência Brasil.
Na avaliação de Amorim, o relacionamento forte que o Brasil mantém tanto com os países ricos, quanto com as nações emergentes, é positivo, uma vez que o país participa cada vez mais com maior intensidade das negociações internacionais.
"Hoje na área da Organização Mundial do Comércio (OMC) não se tem uma reunião entre quatro ou cinco países sem que o Brasil seja um deles", afirmou o ministro, de acordo com a Agência Brasil.

