Geovana Pagel
São Paulo – De janeiro a agosto de 2003, as vendas externas de frutas brasileiras cresceram 29% em volume e 39% na receita, em relação ao mesmo período do ano passado.
O crescimento das exportações de frutas brasileiras indica que até o final do ano o Brasil deverá vender para o mercado internacional cerca de 850 mil toneladas, o que representará um faturamento de US$ 340 milhões. Em 2002, o país exportou 668 mil toneladas de frutas, o equivalente a um faturamento de US$ 240 milhões.
De acordo com o agrônomo Maurício de Sá Ferraz, gerente da Central de Serviços de Exportação do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), o crescimento registrado pelas exportações brasileiras nos últimos anos é resultado da estratégia do comércio exterior brasileiro de buscar novos mercados para as frutas cultivadas no país.
“O setor já tinha potencial, mas faltava um programa para mostrar a fruta. Foi preciso criar uma cultura exportadora”, explica Ferraz. “Estamos expandindo o mercado para os países asiáticos, árabes e Mercosul”, acrescenta.
Segundo ele, em 1998, quando foi implantado o programa Brazilian Fruit, com o apoio da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX Brasil) e do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, o país exportava 294 mil toneladas.
Dois anos depois, as vendas saltaram para 427 mil toneladas. “Inicialmente trabalhamos com manga, melão, uva e mamão papaya, porque são quatro frutas com capacidade de produção e exportação”, justifica. Estados Unidos e União Européia representaram os primeiros mercados.
No ano 2000, a maçã e o limão taiti passaram a fazer parte do grupo de frutas exportadas que atualmente conta também com o abacaxi pérola e a banana prata.
Uma das estratégias de divulgação da fruta brasileira é a exposição, o oferecimento para degustação e a informação das possíveis formas de consumo. “Pensamos até no fornecimento de receitas de doces e salgados que podem ser produzidos com as frutas”, exemplifica.
Manga, maçã e laranja para os árabes
Ferraz diz que mais do que um esforço de comunicação, o programa atua sobre todos os estágios da cadeia de comercialização, identificando os fatores críticos que separam o país de uma posição de destaque no fornecimento mundial de frutas tropicais.
E ainda tem muito mercado externo para ser conquistado. O Brasil ocupa o 20.º lugar entre os países exportadores de frutas frescas, cujo mercado movimenta anualmente US$ 21 bilhões anuais. O potencial de consumo mundial de frutas está estimado em 4O milhões de toneladas anuais.
Os dados do Ibraf mostram que apesar de todas as dificuldades, como a falta de rotas de navios regulares para o Oriente Médio, por exemplo, as exportações de frutas brasileiras para os árabes têm crescido de maneira significativa.
Só de manga, os Emirados Árabes Unidos, que importam também maçã e laranja brasileira, compraram diretamente no mercado brasileiro 847 toneladas. No ano passado, as exportações de frutas brasileiras para a Arábia Saudita somaram 1.727 toneladas.
Prospecção
No último mês de setembro, o Ibraf realizou uma reunião entre representantes de 11 empresas brasileiras exportadoras com os principais dirigentes de uma das maiores importadoras da Arábia Saudita, a Alabna.
Os representantes da companhia saudita, que atua ainda no setor de alimentos e supermercados, estiveram no Brasil para prospectar o mercado brasileiro e encontrar alternativas para a venda direta de frutas para o mercado árabe.
De acordo com o gerente da Central de Serviços de Exportação do Ibraf, a redução do papel dos intermediários, responsáveis por um custo adicional de pelo menos 30% nas importações dos países árabes de frutas frescas brasileiras é o objetivo comum das empresas agroexportadoras de frutas do país e dos próprios árabes.
Segundo Ferraz, hoje, pelo menos 80% das frutas brasileiras consumidas nos países árabes são adquiridas em Roterdã, na Holanda, o que encarece o preço do produto adquirido pelos árabes no porto holandês.
Para reduzir os entraves no acesso direto do Brasil ao mercado árabe é necessário um investimento na área de logística de transportes, facilitando o escoamento direto de frutas brasileiras para o mercado árabe.
É importante ressaltar que o bloco árabe conta com 300 milhões de consumidores potenciais. Juntos, os 22 países árabes têm um PIB de US$ 651,8 bilhões.
Maçãs catarinenses
A Renar Maçãs S.A, sediada em Fraiburgo, Santa Catarina, participou recentemente do estande brasileiro na Saudi Food 2003, feira da alimentação na Arábia Saudita, para estabelecer os primeiros contatos que podem render a comercialização de parte da safra de 2004, de preferência por meio de vendas diretas.
A companhia produz em média 35 mil toneladas por ano e há cinco anos iniciou as exportações que abastecem mercados da Finlândia, Suécia, Dinamarca, Noruega, Alemanha, Holanda, Reino Unido, Itália, Espanha, Estados Unidos e alguns países da Ásia. “Este ano exportamos 10 mil toneladas”, diz o diretor geral da empresa, Roland Brandes.
“Se a nossa meta de vender para os países árabes for concretizada, poderemos exportar em média 1.000 toneladas na próxima safra”, completa.
"Esse é o nosso objetivo, mas isso vai depender do interesse dos árabes e da safra", ressalta Brandes. Segundo ele, ainda é um pouco cedo para afirmar que os contatos feitos da feira realmente vão virar contratos, mas as perspectivas de negócios são bastante otimistas.
Mercado interno
A produção de frutas no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou nos últimos 12 anos um crescimento de quase 40%, passando de 29 milhões de toneladas para 40,4 milhões de toneladas.
Nos cálculos do IBGE está computada inclusive a produção destinada ao próprio consumo dos agricultores, ou seja, a parte que não chega ao mercado formal.
Já a produção comercial de frutas brasileiras é calculada pelo Ibraf em pouco mais de 38 milhões de toneladas anuais. A região sudoeste concentra 56% da produção nacional. O mercado interno consome 55% da produção frutícola do país.
Contato
Instituto Brasileiro de Frutas(Ibraf)
Fone: 55 11 223-8766
Site: www.ibraf.org.br
E-mail: faleconosco@ibraf.org.br
Renar Maçãs S.A.
Fone: 55 49.246.2033
Endereço eletrônico: www.renar.agr.br
E-mail: renar@renar.agr.br