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Dubai – Espalhadas por cinco pavilhões temáticos, além do espaço da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, 100 empresas brasileiras participam da edição 2018 da Gulfood em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, até quinta-feira (22). Destas, oito foram selecionadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) por estarem no nível de maturidade de exportadora iniciante e participam, em sua maioria, de sua primeira feira no exterior.
Uma delas é a Kigrãos, uma empresa que representa mais de 40 produtores de grãos de Mato Grosso que, juntos, somam uma área de produção de 50 mil hectares. Embora exporte metade da produção de feijão-de-corda e milho de pipoca, inclusive para o Egito, a empresa agora quer entrar no mercado de grãos para animais. Por isso, expõe na feira espécies de painço, semente de gergelim e espécies de milheto, de olho nos países árabes.
“O mercado árabe é muito forte para ração animal, mas ainda não conhece o produto brasileiro”, disse Roberto Sadi, executivo de vendas da Kigrãos. Ele chegou à Gulfood com conversas iniciadas com compradores dos Emirados, Arábia Saudita, Jordânia e Tunísia, e espera conseguir novos contatos em seu espaço no estande da Apex.
Para ele, a participação já valeu pelo fato de poder receber e conversar com seus atuais clientes, a maioria indianos. “Todos os nossos 11 clientes de feijão-de-corda da Índia nos visitaram no primeiro dia de feira. O produto agradou também aos paquistaneses, que vieram conhecer”, disse.
As oito empresas estão em um espaço compartilhado no estande da Apex, cada uma ocupando uma mesa. Segundo Rafael Prado, coordenador de Promoção de Negócios da agência, o nível de maturidade dessas exportadoras ainda não as credencia para ter um estande próprio, mas essa iniciativa da entidade as permite ter a oportunidade de participar de uma feira internacional. A iniciativa não ocorre apenas na Gulfood, pois a Apex a promoveu também em outras feiras fora do Brasil.
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A trader F3 Import Export, de João Pessoa (PB), faz sua primeira participação em feiras voltadas à exportação. Desde 2015 atuando com importação de itens diversos, de peças para motocicletas até vestidos de noivas, a empresa agora quer começar a exportar. “Não exportamos nada ainda. Decidimos em janeiro investir em uma feira e, após alguns estudos, optamos pela Gulfood”, disse Fabrício Marsicano, diretor de projetos da empresa.
Segundo ele, há um "mix" de produtos a ser ofertado: frango, milho, arroz, açúcar, café e água de coco, entre outros. Nos primeiros dois dias de feira, conseguiu bons contatos para todos os segmentos. “Veio muita gente da África, Oriente Médio e Índia. São esses os três mercados principais”, relatou.
Prado disse que as empresas se inscrevem para participar da feira e a Apex seleciona aquelas em que acredita ter maior capacidade de obter bons resultados. Não há escolha direcionada para quem deseja o mercado árabe. Segundo Prado, a Gulfood deixou de ser uma feira regional e é considerada internacional, com expectativa de geração de negócios em valores equivalentes aos da Sial Paris, na França e Anuga, na Alemanha, duas das maiores mostras mundiais da indústria alimentícia.
“É a quinta-edição [da Gulfood] que a Apex-Brasil lidera uma ação. A Gulfood já foi regional, mas agora é global: recebemos compradores da Arábia Saudita, Emirados e também de mercados como Índia, Paquistão e Senegal”, explicou o executivo.
A Apex projeta elevar em 10% a geração de negócios durante e após a feira nesta edição, comparada à do ano passado, quando a Gulfood elevou em US$ 1,1 bilhão as exportações brasileiras.
Visita do embaixador
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Os pavilhões da Apex na Gulfood foram visitados pelo embaixador do Brasil em Abu Dhabi, Fernando Lemos Igreja, no fim da tarde desta segunda-feira (19). O diplomata visitou também o estande da Câmara Árabe – que recebeu novamente um forte movimento nesse segundo dia de feira –, onde foi recebido pelo diretor Mohamad Abdouni Neto e pelo assessor de projetos especiais da entidade, Tamer Mansour.
À ANBA, o embaixador destacou a importância da Gulfood e a crescente presença de empresas brasileiras.
“A participação brasileira está excelente esse ano. Os pavilhões da Apex estão muito bem montados, assim como o da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Eu acho que o Brasil está com uma presença forte que tende a aumentar. Estamos em 100 empresas este ano e temos um estudo para estarmos maiores ainda no ano que vem. [Estou] muito feliz, espero que [as empresas] voltem no ano que vem com mais força ainda”, declarou.